Na última semana aconteceu eu São Paulo o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Foram mais de 5 mil médicos discutindo as inovações, tendências e desafios dos múltiplos braços da dermatologia, que compreende a estética, cirurgia e doenças.
Embora muito pouco privilegiada em relação a recursos públicos, a pesquisa no Brasil se destaca pela sua qualidade. Nós somos um país que produz muita ciência com pouco investimento.
Em relação às doenças, os novos medicamentos para psoríase e alopécia areata foram os protagonistas. Para ambas, a tendência é o uso de medicamentos injetáveis, que apresentam excelentes resultados.
Na dermatologia estética, aconteceu o que já prevíamos: o corpo é o novo rosto. A busca por procedimentos corporais aumentou muito em relação aos outros anos e as tecnologias corporais foram destaque pelos seus bons resultados. Peelings químicos também ocuparam um ponto central nas discussões. Entendemos que o paciente de hoje quer resultados rápidos e eficientes e já há muitos anos sabemos que o peeling sempre cumpre o que promete. Minha aula, inclusive, foi sobre o clareamento de áreas íntimas com peeling.
Complicações também foram bastante exploradas. A banalização dos procedimentos estéticos repercute no aumento exorbitante dos casos de complicações e isso exige treinamento do dermatologista para resolver os casos e evitar sequelas.
Os nossos desafios também são muitos. Um dos maiores é diagnosticar e tratar os pacientes portadores de hanseníase (antigamente chamada de Lepra). O Brasil representa 90% dos novos casos de todo o continente Americano e, por conta da pandemia, o número de notificações caiu. De 27 mil casos em 2019 para 15 mil casos em 2021. Só chegaremos ao controle dessa doença se encontramos esses pacientes e fizermos o rastreio da doença nas pessoas que convivem com eles.
A cobertura dos novos medicamentos pelo SUS e convênios também foi pauta. A sua incorporação é extremamente lenta e burocrática, atrasando o tratamento dos pacientes. Outra questão preocupante é o
aumento do número de casos de câncer de pele. Precisamos entender onde estamos errando na hora de passar a mensagem ao paciente de que o câncer de pele pode ser prevenido com o uso de filtro solar.
Por fim, há esperança. Nossa especialidade é dinâmica e espero que no próximo ano tenhamos muitos cenários a se comemorar.