Qualquer mudança pode gerar uma variação do açúcar no sangue
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Qualquer mudança pode gerar uma variação do açúcar no sangue

Mesmo convivendo com diabetes, eu não me sinto doente. Mas não dá para romantizar isso. É uma doença crônica que exige muito. Exige cuidado. Exige controle. Exige atenção 24 horas por dia. Isso realmente pesa, em muitos aspectos! Uma glicemia alta hoje pode significar uma complicação no futuro. Estou falando de infarto, derrame, insuficiência renal, perda de visão ou até amputação.

Não se trata de vitimismo. Só quem tem sabe do que estou falando. Manter o diabetes controlado é importante para diminuir o risco dessas complicações que tanto nos causa medo ou que dificulta a qualidade de vida de muitos.

Mesmo com todo o meu conhecimento e tendo acesso aos melhores especialistas desse país, às vezes não consigo manter esse controle à risca. Eu sei como agir e o que devo fazer, mas estamos falando de uma doença que afeta o organismo de uma forma geral. Qualquer mudança pode gerar uma variação do açúcar no sangue

Muitos acham que eu tenho o controle da glicemia perfeito o tempo todo, mas isso não é verdade. Sou como a maioria, mas me dedico para tentar manter esse controle o máximo possível.

Na última semana, eu estava trabalhando quando percebi que estava estressado demais, algo sem explicação. Fazia duas horas que eu não monitorava a glicose. Tomei um susto quando o sensor apresentou HI (High, termo em inglês que significa alto). Isso só acontece quando a glicose está acima de 500mg/dl. Peguei o aparelho que faz o teste, conhecido como ponta de dedo, e o resultado também foi acima de 500. 

Comecei a tomar água, apliquei insulina e nada da glicemia baixar. Minha preocupação era entrar em cetoacidose, que é quando corpo não consegue usar a glicose no sangue como energia e passa a usar a gordura. Falei com a minha médica, Denise Franco, e com a minha nutricionista, Carol Netto. Elas me orientaram a trocar a insulina, que por algum motivo poderia ter estragado. Depois de um tempo apliquei mais um pouco de insulina. Pude notar que a glicemia alta estava causando uma resistência insulínica maior. Não tem como não ficar desesperado nessas horas, mas respirei e mantive um pouquinho de paciência. A glicemia só começou a baixar depois de uns 40 minutos e, três horas depois, já estava dentro da meta, abaixo de 180mg/dl.

Nesse momento parecia que eu tinha descarregado um caminhão de cimento sozinho. Essa variação glicêmica causa essa sensação de exaustão do corpo. Não precisei ir ao hospital porque estava sendo assistido pela minha médica e nutricionista, mas se eu não tivesse esse acesso, eu teria ido ao pronto socorro. 

Talvez muitas pessoas não saibam o perigo que isso significa. Me coloquei no lugar de quem vive isso quase todos os dias, sem assistência nenhuma.  É desesperador e chega a ser desanimador.

Não pega só a questão física, o psicológico também fica destruído quando a gente faz tudo e parece que de nada adianta. Por isso muitos acabam abandonado. Mas esse é um caminho mais doloroso, pois a gente pode se cansar, mas o diabetes não deixa de existir.

Agora imagine quem não tem informação, não tem acesso a tratamento e assistência dos profissionais de saúde? Quem não tem nada e vive isso diariamente? Precisa de muito persistência, muita ajuda e muito acolhimento. O diabetes não afeta apenas quem tem a doença, mas todos que estão ao redor. Nossa principal ferramenta para viver melhor, mesmo em dias difíceis, é a informação. Ter conhecimento te dá liberdade para viver e saber o que fazer nos momentos em tudo parece não ser suficiente para manter o bom controle.

Você convive com diabetes? Passa por isso? Me conte nos comentários e compartilhe esse texto, pois muitos precisam entender e ser acolhido neste momento.

Mais informações sobre diabetes você encontra no Portal Um Diabético .

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