Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de diabetes, geralmente a principal preocupação é em não ficar cego ou amputar algum membro do corpo, mas o órgão mais afetado pelos altos índices de glicose no sangue é o coração. As doenças cardiovasculares são a principal complicação do diabetes e responsável pela maior parte das mortes relacionadas à doença. Hoje no Brasil já temos tratamento para controlar a glicemia e que apresentam, por exemplo, benefícios cardiovasculares, mas são poucas as pessoas que convivem com diabetes que recebem prescrição para tratar a doença considerada multifatorial.
Durante o 77º Congresso Brasileiro de Cardiologia, no Rio de Janeiro, foram apresentados estudos que mostram a importância de controlar a glicemia e outras doenças associadas.
Segundo o médico cardiologista Marcelo Assad, o tratamento do diabetes também inclui no gerenciamento da obesidade que dificulta o controle glicêmico e até pode a causa do diabetes tipo 2. Estima-se que 8 em cada 10 pessoas com diabetes tipo 2 tem obesidade.
O estudo CAPTURE revela que apesar das várias opções de tratamento 67,8 % das pessoas com diabetes tipo 2 no Brasil estão fora da meta do controle recomendado.
A falta de controle da glicemia em pacientes com diabetes aumenta o risco de doenças cardiovasculares na população com diabetes tipo 2. “A insuficiência cardíaca é o final da linha do paciente sobrevivente com diabetes, mas o grande problema é a aterosclerose”, afirma o cardiologista Marcelo Assad.
A aterosclerose atinge 9 em casa 10 pacientes com diabetes tipo 2 no Brasil.
A aterosclerose é o acúmulo de placas de gordura (colesterol), cálcio e outras substâncias nas artérias. Esses depósitos dificultam a passagem de sangue dos vasos, o que leva a infartos, derrames e até morte súbita.
Durante o simpósio realizado pela Novo Nordisk, no Congresso Brasileiro de Cardiologia, os médicos cardiologistas Viviane Giraldez, Marcelo Assad e Roberto Rocha Giraldez discutiram o uso da semaglutida no tratamento do diabetes tipo 2 e na prevenção das doenças cardiovasculares.
A semaglutida pertence à classe dos análogos de GLP-1. A medicação é uma das opções no mercado brasileiro para o tratamento do diabetes tipo 2, apresentando também um benefício na redução do peso, constatado em estudos, e consequentemente diminuindo o risco de doenças cardiovasculares, como aterosclerose.
Embora, no Brasil, a semaglutida não seja aprovada para o tratamento da obesidade, em outros países já existe a indicação para esse tratamento.