Eu sou um defensor da saúde e acredito que a prevenção é o melhor remédio, mas confesso que não consigo aceitar o fato de a sociedade de maneira geral não ter entendido até hoje a gravidade de uma doença crônica como o diabetes, principalmente quando não tratada adequadamente, o que é mais comum. Sim, eu sei que tem muita gente preocupada e tentando mudar essa realidade, inclusive acho que faço parte desse grupo, mas a questão aqui é como ainda não houve uma mobilização em massa para conscientizar e falar sobre esse assunto que está em todas as partes da nossa sociedade. Em casa, no trabalho, na escola, no restaurante, em todos os lugares mesmo. Tenho a sensação de que o diabetes é tratado como café com leite, sabe aquele problema que não tem muita importância? Parece que a pessoa ao receber o diagnóstico escolheu ter a doença e isso está muito ligado a fato do diabetes tipo 2 estar relacionado aos hábitos de vida.
Eu tenho diabetes tipo 1, uma doença autoimune, e sempre que eu conto para alguém sobre isso, imediatamente me perguntam se foi porque comi doce demais. Esse é o conhecimento mais profundo da maioria sobre essa doença que afeta meio bilhão de pessoas no mundo e mais de 16 milhões de brasileiros.
Portanto, neste 14 de novembro, Dia Mundial do Diabetes, eu te convido a refletir mais sobre essa doença crônica que acomete tanta gente. Essa data foi escolhida por ser o dia do aniversário de um dos médicos cientistas, Frederick Banting, que descobriu a insulina, em 1921. Não sei se você sabe, mas até essa data o diabetes era considerado uma doença mortal. Hoje, já temos tratamento, mas ainda falta conhecimento, políticas públicas de acesso e uma sociedade mais preparada para lidar com as pessoas que convivem com a doença.
O diabetes tem controle, mas quando isso não acontece aparecem as complicações causadas pela glicose alta. São consequências consideradas graves como infarto, derrame, doença renal e problema de visão, quando não matam, fazem a pessoa perder qualidade de vida. Além dos efeitos físicos, essas complicações também afetam o psicológico, o social e o econômico dessas pessoas que definitivamente sofrem.
Muito desse problema tem relação com o estigma ou até cresças populares. É inacreditável que existem pessoas dizendo que não precisa mais tomar remédio para diabetes, que insulina vicia e tantos outros absurdos. Na era digital essas mentiras ganharam mais força e vem destruído a vida de muitas pessoas que acreditam. Por outro lado, querer ajudar dizendo que a pessoa não pode comer mais doce não resolve em nada a gravidade do problema, mas a educação em diabetes, a adesão ao tratamento prescrito, o acolhimento da família e de todos que estão ao redor podem reverter essa realidade em que muitos caminham para as complicações dos diabetes mal controlado.
Por isso, se você tem diabetes nunca deixe de tomar sua medicação sem falar com seu médico. Busque informação em sites oficiais. Pratique atividade física e mantenha uma alimentação saudável. Se você se engajar no seu tratamento, outras pessoas vão entender mais sobre diabetes e a ideia de que a doença é causada só pelo doce vai mudar e quem sabe a condição de saúde passe a ter a importância que merece para toda a nossa sociedade.