
O Brasil segue entre os países que mais passam tempo no celular e isso já aparece nas estatísticas de saúde. Segundo o IBGE, cerca de 1 em cada 5 adultos convive com dor crônica nas costas, dado que tende a crescer diante dos novos hábitos digitais. A popularização do uso prolongado do smartphone, especialmente com a cabeça inclinada, intensificou quadros de dor cervical e problemas posturais em diferentes faixas etárias.
O fenômeno conhecido como “text neck” ou “pescoço de texto”, tem sido apontado por especialistas como uma das principais causas de sobrecarga na região cervical. “A sobrecarga crônica já se tornou um problema de saúde pública, e vemos cada vez mais adolescentes e jovens adultos com quadros de dor intensa, rigidez e alterações importantes na postura”, afirma Wolney Haas, cofundador e CEO da Sou Coluna, clínica referência no tratamento da coluna no país.
Um levantamento da Spine Institute of San Diego reforça a gravidade do problema: a simples inclinação da cabeça para checar o celular pode aumentar em até 27 kg a pressão sobre a cervical — equivalente a apoiar o peso de uma criança de seis anos sobre o pescoço. No Brasil, médicos, fisioterapeutas e quiropratas relatam um aumento expressivo de jovens com sintomas antes comuns apenas em pessoas mais velhas.
A postura de cabeça projetada para a frente não afeta apenas a coluna. “Os ombros giram para dentro, a caixa torácica perde mobilidade e isso pode até prejudicar o padrão respiratório e a qualidade do sono”, explicou Haas à coluna . A Fiocruz aponta que a hipercifose torácica — postura curvada típica de quem usa telas por longos períodos — pode reduzir a capacidade pulmonar em até 30%.
Grupo mais vulneráveis
Crianças e adolescentes formam o grupo mais vulnerável a essas alterações. Com a coluna ainda em desenvolvimento, a manutenção prolongada de posturas inadequadas pode levar a deformidades estruturais. Estudos internacionais mostram que jovens entre 10 e 19 anos têm 45% mais risco de desenvolver dor cervical quando usam o smartphone por mais de três horas por dia.
Clínicas especializadas em coluna confirmam o aumento de diagnósticos relacionados ao uso de celulares. Para o especialista, reconhecer os sinais iniciais evita complicações futuras. “O corpo avisa antes de desenvolver uma lesão mais séria. Ouvir esses sinais e procurar avaliação especializada é essencial. A prevenção é o nosso maior aliado, porque evita tratamentos longos, reduz riscos e garante longevidade para a coluna”, finaliza Wolney Haas.

