
O verão e o período de férias costumam ser associados a descanso, celebração e leveza, mas, para muitas pessoas, dezembro se transforma em um dos meses mais desafiadores para a saúde mental. A combinação entre quebra de rotina, aumento das interações sociais e expectativas irreais pode elevar níveis de ansiedade, estresse e sensação de inadequação emocional.
Segundo a psicóloga e neuropsicóloga Thaís Barbisan, o fim de ano carrega uma pressão silenciosa para que tudo seja perfeito. “Existe uma cobrança invisível para a viagem perfeita, a convivência perfeita e a produtividade perfeita antes do recesso. Essa expectativa fantasiosa aumenta o estresse e faz com que muitas pessoas se sintam culpadas por não estarem tão felizes quanto acreditam que deveriam estar”, explica.
Outro fator importante é a ruptura brusca da rotina. Para pessoas com ansiedade, TDAH ou dificuldades de regulação emocional, a ausência de horários fixos e previsibilidade pode gerar irritabilidade, exaustão e sensação de descontrole. “Nossa mente funciona melhor quando há previsibilidade. Durante as férias, mudamos horários, convivemos mais com familiares e abrimos mão de hábitos estruturados. O cérebro precisa se adaptar rapidamente, e esse esforço cognitivo aumenta o estresse”, afirma Thaís.
Convivência intensa pode reativar conflitos
As festas e viagens também intensificam o convívio familiar, o que pode trazer tensões antigas, expectativas não resolvidas e até memórias dolorosas. “Nem todas as relações familiares são leves. Em dezembro, muitas pessoas revivem padrões de convivência que tentam evitar ao longo do ano, o que impacta diretamente o humor, a autoestima e o bem-estar emocional”, explica a neuropsicóloga.
Como reduzir a ansiedade nas férias
- Manter pequenas rotinas mesmo durante as férias;
- Comunicar limites de forma clara e assertiva;
- Evitar excesso de compromissos sociais;
- Não comparar a própria vida com imagens idealizadas das redes sociais;
- Priorizar descanso real, e não apenas uma agenda cheia de atividades.
“O mais importante é entender que sentir ansiedade em dezembro não é sinal de fraqueza. Esse período exige muito da nossa saúde emocional. Reconhecer isso e ajustar expectativas é o primeiro passo para viver férias mais leves e reais”, conclui Thaís Barbisan.
