Covid-19
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Não há comprovação de que o medicamento possa ser usado no combate da Covid-19

Com a desconfiança e comprovações dos efeitos colaterais da hidroxicloroquina, um novo medicamento vem sendo comprado em massa pela população: a Ivermectina. O remédio, utilizado no combate a vermes e parasitas, registrou um aumento de 1.892% na plataforma Consulta Remédios, e é citado como possível fonte de combate à Covid-19.

O medicamento passou a ser alvo de especulações após estudos realizados na Austrália, no entanto, não há eficácia comprovada. “A divulgação de estudos preliminares acaba incentivando as pessoas a comprarem medicamentos como forma de combater o novo coronavírus. No entanto, esse é um risco altíssimo, uma vez que não há nada comprovado e, sobretudo, porque todo medicamento possui efeito colateral, dependendo da condição de saúde de cada um”, alerta Francielle Mathias, farmacêutica responsável pelo Consulta Remédios.

Os dados mostram que o aumento se deu do mês de abril para maio. No primeiro mês, apenas 50 unidades do produto haviam sido vendidas, já em maio, foram comercializadas 996 unidades por meio da plataforma.

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Além do aumento nas vendas, o Consulta Remédios registrou cerca de 900 mil visualizações do produto no mês de maio, e entre as cidades que mais compraram a Ivermectina estão Rio de Janeiro e São Paulo.

“Observamos que o estado do Rio de Janeiro vem sendo responsável por cerca de 70% das compras do medicamento. Como é um medicamento com um preço relativamente baixo, muitas pessoas estão comprando”, explica Francielle.

A automedicação é um comportamento comum dos brasileiros, e uma pesquisa realizada pela plataforma no começo do ano com mais de 5 mil usuários mostrou que 73% dos brasileiros realiza essa prática.

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“Como somos uma plataforma que oferece ampla informação a respeito dos mais variados medicamentos, achamos importante conscientizar a população a respeito do uso correto de medicações. Esse tipo de prática é perigosa e deve ser combatida, por isso, o Consulta Remédios realizou essa pesquisa até como uma forma de propor ações para que as pessoas entendam esses riscos e eliminem esse hábito”, diz Paulo Vion, CEO da plataforma.

Cloroquina continua em alta

Apesar de os cientistas continuarem afirmando que não há eficácia comprovada no uso do medicamento no combate à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro continua incentivando o uso do medicamento, e muitas pessoas consideram o medicamento uma saída.

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Na plataforma Consulta Remédios, a busca pelo medicamento caiu consideravelmente após a proibição da venda sem receita médica, mas ainda é alta.

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“No mês de março, foram mais de 1 milhão e 200 mil buscas pelo medicamento. Já em maio essa busca foi de apenas 653 mil. O que significa que a medida para regular a venda vem funcionando. Como a venda só é possível com retenção da receita e a venda de medicamentos controlados não é permitida por meio remoto, a queda nas buscas após essa medida faz sentido. Provavelmente quem acessa agora está em busca de informações da bula, por exemplo”, alerta Francielle.

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reiterou a importância de o medicamento ser somente utilizado em estudos clínicos, hospitais e sob supervisão médica. 

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