O governo de São Paulo vai imunizar cidade inteira para checar eficiência da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O local escolhido é o município de Serrana e deve começar no dia 17 de fevereiro.
O projeto é restrito para moradores da cidade com mais de 18 anos e a participação não é obrigatória. O anúncio foi feito ontem numa transmissão ao vivo da prefeitura nas redes sociais.
Os lotes da CoronaVac são específicos para o estudo, ou seja, não serão tiradas de outras cidades. A pesquisa é integralmente financiada pelo instituto. Serão imunizadas cerca de 30 mil pessoas, o que representa toda a população adulta do município. No total, Serrana tem pouco mais de 43 mil habitantes.
"A ideia é vacinar o maior número de pessoas na população adulta. Nós estamos prevendo uma vacinação que pode chegar a 30 mil pessoas — obviamente que as pessoas não são obrigadas a vacinar. Com isso, a gente acompanha a evolução da epidemia. Tem aspectos técnicos que vão permitir fazer cálculos, fazer projeções, que vão calcular se a vacina é eficaz em diminuir a transmissão ou não, qual a porcentagem. Tem toda uma metodologia que vai permitir que isso seja feito (...) Mas para a população importa é que ela estará sendo vacinada, uma vacinação em massa", explicou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, durante o evento.
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Serrana foi escolhida porque a cidade é pequena, mas tem uma boa movimentação de pessoas, o que facilita a circulação do vírus. Além disso, a cidade chegou a atingir 5% das pessoas infectadas – o que é um dos índices mais altos de prevalência da doença no estado.
O diretor médico de Pesquisas Médicas do Instituto, Ricardo Palácios, explicou que o projeto é um ensaio clínico de implementação escalonada com objetivo de avaliar a efetividade da vacina, ou seja, a utilidade da vacina a nível de comunidade para poder deter a pandemia.
"A primeira pergunta que a gente quer responder através desse estudo é: será que com essa vacina vamos realmente poder sair desta pandemia? Nós já sabemos que a vacina é segura e eficaz ao nível de cada pessoa que a recebe, mas agora, quando pensamos no coletivo, numa sociedade, será que nós vamos conseguir conter a pandemia através da vacinação? Não estamos pensando em pessoas isoladas. Estamos pensando em comunidades (...) Para que esse estudo dê certo, a comunidade como um todo tem que participar", disse.
Para o projeto, a cidade foi divida em 25 partes, que depois formaram quatro grandes áreas, separadas por cores. Um sorteio foi realizado para definir a sequência da vacinação, que ocorrerá em oito escolas da cidade.