Uma pesquisa publicada na última semana no periódico médico Jama Network mostrou que 30% dos participantes de um estudo ainda relatavam sintomas da Covid-19 nove meses após contrair o vírus. A pesquisa indica que a maior parte dos indivíduos acompanhados tiveram casos leves da doença.
Conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington, o trabalho analisou 177 pessoas de Seattle com infecções confirmadas de Covid-19. O acompanhamento de três a nove meses após o diagnóstico (com média de seis meses) é o tempo mais longo já efetuado nos EUA.
A maioria dos participantes, 150 pessoas ou 85% do grupo de estudo, tiveram um caso leve de Covid-19 e não precisaram ser internados; 11 participantes (6%) eram assintomáticos e 16% foram hospitalizados. Os resultados mostraram que 32,7% dos pacientes com casos leves e 31,3% dos hospitalizados relataram pelo menos um sintoma persistente que durou no mínimo três meses após o diagnóstico.
Entre os principais sintomas estão fadiga, perda do olfato ou paladar, problemas para respirar e confusão mental.
Um total de de 51 pacientes ambulatoriais e hospitalizados (30,7%) confirmaram uma piora na sua qualidade de vida relacionada à saúde. Quatro participantes saudáveis e pacientes assintomáticos (12,5%) relataram melhora na qualidade de vida relacionada à saúde, enquanto 14 pacientes (7,9%) reclamaram de impacto negativo em pelo menos uma atividade da vida diária.
Uma das constatações do estudo de Seattle foi "que as consequências para a saúde após a Covid-9 se estendem muito além da infecção aguda, mesmo entre aqueles que apresentaram doença leve". Dos 30% que relataram uma deterioração em sua qualidade de vida, 8% alegaram dificuldades com as tarefas diárias, principalmente domésticas.
A autora principal do estudo, dra. Helen Chu, afirmou em um comunicado que "você pode se sair bem no início, mas depois, com o tempo, desenvolve sintomas que são bastante incapacitantes em termos de fadiga".
O que ainda não ficou claro para os pesquisadores é por quê algumas pessoas desenvolvem esses sintomas mais persistentes, chamados às vezes de "Covid longo". "É algum tipo de ativação imunológica, algum tipo de inflamação ou o desenvolvimento da autoimunidade?", questiona a dra. Chu.