O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Foto: Marcos Corrêa/PR
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta



O Brasil vive o pior momento da pandemia da Covid-19. Sucessivos recordes de mortes e novos casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2), UTIs lotadas em todo o país, filas em hospitais, vacinação ainda lenta e o sistema de saúde brasileiro à beira do colapso.

Para entender como o país chegou ao cenário mais crítico da crise sanitária, o iG entrevistou com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. 

Mandetta classificou o governo federal como "negligente" pela postura no combate à Covid-19. "O governo federal negligenciou a pandemia e a ciência. Eles acharam que era uma briga política, eles acharam que tinham que brigar com o Doria, falar mal do Butantan e da China, perdeu-se oito meses até quinze dias atrás para eles sentarem com a Pfizer, nós tínhamos que ter comprado todas as vacinas", criticou o ex-ministro.

O médico explicou o que deveria ter sido feito para evitar a situação atual, criticou a demora para a compra de vacinas por parte do governo federal e opinou sobre o contexto político brasileiro. 

O ex-ministro considera que o maior erro do Ministério da Saúde na pandemia foi não ter negociado com todas as farmacêuticas e não ter comprado todas as vacinas. "A gente já teria vacinado todos os idosos, não tinha colapso nenhum nesse momento, quem ainda está lotando as unidades de saúde é o pessoal de 70 anos, porque na turma de 90 anos para cima, o primeiro grupo a ser vacinado, as taxas de internação já caíram", ressaltou.

Segundo ele, com as negociações pela vacina ocorrendo agora, como a Pfizer e a Janssen, é provável que o Brasil só receba as doses necessárias no segundo semestre, e só poderá ser possível imunizar se o vírus não sofrer mutações. "Eu lamento que a gente não tenha feito isso ali em julho ou agosto, mas eu tenho que ter esperança de que essas vacinas vão chegar".

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Ao ser questionado sobre o contexto político brasileiro e uma possível eleição em 2022 entre o ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro, Mandetta afirmou que esse cenário seria um pesadelo. "Eu não quero nem sonhar com isso. Eles são muito iguais, são a mesma face da moeda. Eu tenho certeza que a grande maioria da sociedade não quer os dois pelo conjunto da obra. O país não é maniqueísta, preto ou branco, somos plurais. Eu quero uma pessoa centrada e sentada, capaz de dialogar".


Pouco mais de um ano depois da confirmação do primeiro caso da doença no Brasil, já foram registrados mais de 11 milhões de infecções e mais de 280 mil mortes causadas pela doença. Das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com ocupação de leitos de UTI superior a 80%, sendo 15 com taxas ultrapassando 90%.

Mandetta foi demitido em 16 de abril de 2020 por discordar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em muitas questões, entre elas, o isolamento social e uso da cloroquina.

Confira a entrevista:


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