Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o mês de abril será "dramático" no Brasil e alertou que as mortes diárias por Covid-19 podem chegar a 5 mil. As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal Valor Econômico.

"Estamos num momento em que a velocidade de transmissão ainda é muito alta. Abril vai ser o mês dramático para o Brasil. Os próximos 15 dias serão muito dramáticos. Veja, há uns 20 dias, parece que ninguém imaginava que iríamos checar à casa dos 3 mil mortos por dia. Os especialistas apontavam que estávamos caminhando disso, mas a opinião geral da população não era essa. E então cruzamos a casa dos 2 mil, já passamos na casa dos 3 mil, estamos indo para os 4 mil e vamos chegar a 5 mil mortes por dia”, lamentou.

Covas também comentou sobre possíveis atrasos na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) vindo da China. "Não é nem problema da chegada. Veja, nós terminamos o contrato de 46 milhões de doses com o Ministério da Saúde. O contrato é do dia 7 de janeiro. Estes 46 milhões vão ser entregues agora em abril. O segundo contrato [para fornecimento ao ministério de 54 milhões], foi assinado só em fevereiro. E uma vez assinado, a programação que nós fizemos com a Sinovac foi de acordo com a disponibilidade de insumos. E com a disponibilidade da Sinovac era possível entregar os 54 milhões até setembro. Nós conseguimos adiantar o cronograma e vamos entregar até agosto. Mas isso [o prazo de produção das vacinas do segundo contrato] decorre da demora do ministério em acertar o contrato. A demanda pela vacina é muito grande e na hora que o contrato foi assinado o que havia disponível de matéria-prima dava para fazer esse cronograma. Estamos tentando adiantar esse programa, mas a China está sob pressão muito grande de demanda da própria China. Não é nem pressão externa, é na própria China", afirmou.

O Butantan, mesmo sendo o maior produtor de vacinas contra Covid-19 no Brasil, não é suficiente para que o Brasil acelere a vacinação. "Como houve muito atraso por parte do ministério em se definir, na hora que foi definido teve de depender da disponibilidade do fornecedor. Não adianta hoje o ministério falar que precisa, precisa, precisa de vacina. O ministério está tendo dificuldade de arrumar vacinas exatamente por isso, todo mundo já se comprometeu, todos têm seus compromissos e estão cuidando de manter esses compromissos. Avançar nisso é muito difícil porque a demanda mundial é muito grande”, considerou Dimas.

Sobre a dificuldade de obtenção de matéria-prima, o diretor do Butantan acredita que o calendário de vacinação no Brasil deve ser longo. "Com o pé no chão, até o meio do ano você vai ter uma vacinação provavelmente de quem tem mais de 60 anos e provavelmente pode avançar um pouco mais na faixa dos 50 anos, incluindo também outros profissionais em risco. É isso que nós vamos ter até o meio do ano. Estamos falando de 40 ou 50 milhões de pessoas. E 100 milhões de doses de vacinas", disse. 

Ele destacou ainda que os laboratórios terão de atualizar suas vacinas diante das novas cepas que estão surgindo pelo mundo. "Essas variantes vão continuar aparecendo. Embora a resposta neste momento, ao que tudo indica, não tenha sido muito comprometida, essas variantes precisarão ser incorporadas às vacinas. Não há dúvida nenhuma." 

Fonte: Valor Econômico

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