As autoridades sanitárias dos Estados Unidos recomendaram na noite desta sexta-feira (23) a retomada do uso da vacina anti-Covid da Janssen, subsidiária belga da multinacional americana Johnson & Johnson .
A aplicação do imunizante havia sido suspensa em 13 de abril devido a seis casos graves de coagulação sanguínea em pessoas recém-vacinadas. No entanto, a comissão de especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) determinou que os benefícios do produto superam os riscos e recomendou seu uso sem restrições para o público adulto.
A decisão foi tomada por um placar de 10 votos a favor e quatro contrários, além de uma abstenção. Ao longo da análise, o número de casos de tromboses em pessoas recém-imunizadas com a fórmula da Janssen nos EUA subiu para 15, todos em mulheres. Três delas morreram.
Os dados se referem a uma população de quase 7 milhões de indivíduos vacinados, sendo 3,9 milhões de mulheres. Ou seja, os eventos graves de coagulação sanguínea representam 0,0004% da população feminina imunizada com essa vacina nos EUA, enquanto os óbitos são 0,00008%.
Para efeito de comparação, a taxa de letalidade da Covid-19 nos Estados Unidos (mortes em relação ao total de infectados) é de 1,8%. O CDC recomendou a inclusão de eventos raros e incomuns de coágulos sanguíneos em mulheres com menos de 50 anos como possíveis efeitos colaterais da vacina.
Um parecer semelhante já havia sido emitido pela agência de medicamentos da União Europeia (EMA) na última terça-feira (20), mas alguns países do bloco, como a Itália , decidiram usar a fórmula preferencialmente em pessoas com mais de 60 anos.
O imunizante da Janssen é o único de dose única em utilização no mundo atualmente e também não exige temperaturas negativas de refrigeração, como as vacinas de mRNA da Pfizer e da Moderna, amplamente empregadas nos EUA e na UE.
A vacina da Janssen usa um adenovírus inativo contendo uma sequência genética que codifica a proteína spike, utilizada pelo coronavírus Sars-CoV-2 para atacar as células humanas.