A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde, Soumya Swaminathan, disse à Reuters nesta sexta-feira que, embora a nova variante do coronavírus Ômicron pareça ser muito transmissível, a resposta certa é estar preparado, com cautela e sem pânico.
A OMS pediu aos países que aumentem a capacidade de saúde e vacinem seu povo para combater o aumento de casos de Covid-19 causados pela variante Ômicron, dizendo que as restrições às viagens podem ganhar tempo, mas por si só não são a resposta.
"Até que ponto devemos ficar preocupados? Precisamos estar preparados e cautelosos, não entrar em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás", disse Swaminathan durante uma entrevista na conferência Reuters Next.
Embora o surgimento da nova variante não seja bem-vinda, ela disse que o mundo estava muito mais bem preparado devido ao desenvolvimento de vacinas desde o início da pandemia de Covid-19.
Desde que foi descoberta na África do Sul, vários países fecharam suas fronteiras e restringiram voos vindos da região sul do continente africano como uma tentativa de evitar a transmissão da nova cepa. No entanto, mais de 20 países já identificaram a Ômicron em seu território, inclusive o Brasil, que tem cinco casos confirmados.
"Precisamos esperar, espero que seja mais branda ... mas é muito cedo para concluir sobre a variante como um todo", disse Swaminathan ao ser questionada sobre o que se sabia da Ômicron. "A Delta é responsável por 99% das infecções em todo o mundo. Esta variante teria que ser mais transmissível para competir e se tornar dominante em todo o mundo. É possível, mas não dá para prever."
A principal cientista da OMS disse que a variante Ômicron parecia estar causando três vezes mais infecções do que as experimentadas anteriormente na África do Sul, o que significa que "parece ser capaz de superar parte da imunidade natural de infecções anteriores".
As vacinas pareciam estar surtindo algum efeito.
"O fato de não estarem ficando doentes ... isso significa que as vacinas ainda oferecem proteção e esperamos que continuem a fornecer proteção", disse Swaminathan.
Questionada sobre a necessidade de reforços de vacinas anuais, ela disse que "a OMS está se preparando para todos os cenários", que poderia incluir uma dose adicional, particularmente entre alguns grupos de idade ou setores vulneráveis da população, ou uma vacina modificada.
"A infecção natural atua como um impulsionador", disse a cientista da OMS, acrescentando que embora a nova variante "pudesse ter se originado em um país onde não há muito sequenciamento do genoma", suas origens não eram conhecidas.
"Talvez nunca saibamos", finalizou.