A nova onda de Covid-19 ocasionada pela variante Ômicron, altamente contagiosa, tem causado superlotação dos locais que realizam testes para a detecção da doença, como Unidades Básicas de Saúde (UBS), pronto socorro de hospitais, laboratórios e farmácias das grandes cidades.
Usados para desafogar os sistemas de saúde e agilizar os diagnósticos nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, os autotestes —exames rápidos de antígeno que podem ser feitos em casa por qualquer paciente — não têm seu uso aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que esse tipo de teste poderia ajudar no controle da pandemia e já deveria estar disponível no país há muito tempo.
"Seria muito bom, tanto por uma questão de vigilância quanto para isolamento, se pudéssemos distribuir testes na casa das pessoas e elas testassem no primeiro sintoma, com resultado rápido e autoexplicativo", diz o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
Leia Também
Nos EUA e na Europa, esse tipo de teste está disponível desde o ano passado. Em alguns lugares, é possível comprá-lo na farmácia, sem receita médica. Em outros, ele é disponibilizado gratuitamente pelo governo.
"Essa estratégia é chamada de vigilância participativa. Tem experiência disso em vários lugares. No Brasil, a fabricante poderia fazer um acordo com o Ministério da Saúde e, com um simples QR Code na embalagem, a pessoa seria direcionada para uma página onde ela informa o resultado do teste", diz o epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
No Reino Unido, basta fazer a solicitação pela internet ou passar em uma farmácia e retirar os testes gratuitamente. Se o resultado for positivo, o usuário deve se isolar e relatar às autoridades sanitárias. Cingapura começou a enviar seis kits de teste rápido para todas as famílias em setembro. Na França, é possível comprar o autoteste em supermercados.