Vacina
Reprodução/Edilson Dantas/Agência O Globo
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Um estudo brasileiro feito por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que uma dose de reforço da vacina da Pfizer aumenta em até 25 vezes o nível de anticorpos após das duas aplicações de CoronaVac. A proteção cresce sete vezes quando as doses iniciais são da AstraZeneca. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico científico Journal of Infection.

As vacinas CoronaVac e da AstraZeneca foram as primeiras a receberem a autorização de uso emergencial no Brasil contra a Covid-19, em janeiro de 2021. Por isso, foram os principais imunizantes utilizados em idosos e profissionais de saúde, grupos prioritários no início da campanha de vacinação.

O resultado da pesquisa brasileira, apoiada pela Fapesp, aponta para o mesmo caminha que outros trabalhos feitos por cientistas dos EUA e de Hong Kong: a terceira dose é essencial para manter o nível de proteção contra a Covid-19 elevado. Um estudo — de pesquisadores brasileiros e britânicos — publicado na prestigiada revista científica Nature mostrou que a aplicação da terceira dose da vacina da Pfizer seis meses após a imunização com duas da CoronaVac confere uma eficácia de 92,7% contra a doença. Já contra casos graves do SARS-CoV-2, a proteção sobe para 97,3%.

O recente estudo foi realizado com 48 profissionais de saúde de hospitais e instituições de São Paulo. Em média, aqueles que receberam duas doses de CoronaVac tinham tinham 30 anos e os que receberam AstraZeneca, 40 anos.

Para o estudo, foram coletadas amostras de sangue dos voluntários em cinco momentos: antes da vacinação; 28 dias após a primeira dose; 14 dias depois da segunda, 75 dias depois da segunda dose e 14 dias após o reforço. No material, foram realizados testes de clínicos para IgG (que determina a presença e quantidade de anticorpos no organismo), com avaliação de anticorpos neutralizantes, capazes de impedir a infecção, e das respostas celulares.

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Ao analisarem as amostras de sangue dos profissionais de saúde vacinados com a CoronaVac, os pesquisadores observaram que após a primeira dose os valores médios de IgG eram de 19,8 BAU/ml (unidades de anticorpos ligantes por mililitro de sangue). Esse número aumentou para 429 BAU/ml após a segunda dose.

No entanto, dez semanas depois, a proteção caiu significativamente, passando para 115,7 BAU/ml. Com o reforço da Pfizer, os níveis de anticorpos cresceram 25 vezes, chegando a 2.843 BAU/ml. Em relação aos níveis de anticorpos neutralizantes, houve aumento de 23,5%, no intervalo da segunda dose, para 99,3% depois do reforço, mostra a pesquisa.

Entre os imunizados com a vacina da AstraZeneca e a terceira dose de Pfizer, as respostas medianas de IgG aumentaram de 86,8 BAU/ml para 648,9 BAU/ml durante as duas primeiras aplicações. Depois, caíram para 390,9 BAU/ml. Mas, com a dose de reforço, subiram sete vezes – para 2.799,2 BAU/ml. Já os níveis de anticorpos neutralizantes cresceram de 63,2% para 98,9%.

"Nosso estudo fornece evidências de que a diminuição da imunidade após >75 dias das segundas doses das vacinas CoronaVac ou ChAdOx1 [AstraZeneca] pode ser fortemente recuperada pela administração de uma dose de reforço heteróloga de BNT162b2 [Pfizer]", concluem os pesquisadores no estudo.

O trabalho possui algumas limitações, relatam os pesquisadores, como a impossibilidade de comparar os resultados com a população em geral ou com grupos específicos, como os idosos.

A próxima etapa é analisar eventuais impactos da Ômicron em alguns voluntários que contraíram a doença causada pela nova cepa no começo de 2022, mesmo após a vacinação de reforço. Novos exames de sangue estão sendo coletados e analisados pela equipe.

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