Integrantes e técnicos do Ministério da Saúde analisam a possibilidade de aplicar a quarta dose de vacina contra a Covid-19 em idosos. O tema é discutido em reuniões semanais da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI Covid-19), que acompanha dados e estudos sobre essa segunda dose de reforço.
Não há, contudo, previsão de nova decisão. A orientação atual é não aplicar essa segunda dose de reforço na população geral. Na contramão do ministério, o estado de São Paulo anunciou nesta quarta-feira que aplicará a quarta dose em idosos a partir de 80 anos. Botucatu, no interior paulista, foi o primeiro a tomar essa decisão.
Técnicos e integrantes da pasta levantam a possibilidade de a medida ser uma espécie de “correção” de ter aplicado a CoronaVac como dose de reforço em idosos. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou o fato de São Paulo não ter seguido a diretriz nacional:
— As decisões deveriam ser tomadas de maneira homogênea no país para ter resultado mais efetivo — afirmou ao GLOBO.
Estudo encomendado pela pasta e realizado em parceria com a Universidade de Oxford mostra que o reforço com essa vacina induziu um número sete vezes maior de anticorpos em quem completou o ciclo de imunização com o imunizante. Com a Pfizer, sobe para 175 vezes.
Uma ala da pasta defende encerrar o debate em torno de uma quarta dose e anunciar uma campanha de revacinação anual, a exemplo do que já ocorre com a gripe. Técnicos afirmaram ao GLOBO que o debate se centra na proteção conferida contra a Covid-19 entre pessoas que já receberam três doses e aquelas que não tomaram. A partir disso, a ideia é avaliar a queda de efetividade ao longo do tempo.
Leia Também
Outro ponto de atenção é que técnicos esperam imunizantes de nova geração, como produzidos contra a variante Ômicron, por exemplo, para recomendar a medida. Essa versão da vacina ainda não tem previsão de data de lançamento, mas integrantes do ministério afirmaram ao GLOBO que os contratos assinados pela pasta preveem o recebimento de doses modificadas.
Segundo Queiroga, há vacinas contra a Covid-19 disponíveis caso o ministério reveja a orientação e passe a adotar a quarta dose. Ao todo, há 364 milhões de doses entre as contratadas e as já recebidas.
— É um tema que não é consenso na comunidade científica. A OMS não defende essa posição e a CTAI não aprovou ainda essa recomendação. O mais importante seria avançar com a dose de reforço. Caso a Secovid (Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19) delibere nesse sentido, temos doses suficientes para ofertar para os brasileiros — continuou o ministro.
A pasta liberou a quarta dose apenas para pessoas imunossuprimidas, isto é, com câncer, HIV, aids ou que passaram por transplante, entre outros.
"O Ministério da Saúde informa que, até o momento, recomenda o esquema de vacinação com três doses - primeira, segunda e a dose adicional - mais a dose de reforço, apenas para os brasileiros imunossuprimidos acima de 12 anos", diz a pasta, em nota.