Estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá
Pixabay
Estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá


Mesmo em lugares com altas taxas de cobertura vacinal, em que os riscos estão em patamares baixos para a população imunizada, aqueles não se vacinaram aumentam as chances de contaminação por Covid-19 em até 50% para os demais, mostra estudo de pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Toronto, no Canadá.

Por outro lado, o contato com pessoas vacinadas diminui as altas chances de infecção para os que não receberam o imunizante em cerca de 22%, atuando como um “amortecedor” para esse grupo, afirmam os cientistas. As conclusões acompanham falas de diversos especialistas que reforçam o papel coletivo no ato de se vacinar.

Publicado nesta segunda-feira na revista científica Canadian Medical Association Journal, o trabalho é resultado da criação de um modelo matemático que estima o impacto na disseminação da doença a partir de diversos cenários que envolvem a interação entre pessoas imunizadas e não imunizadas, em diferentes níveis de cobertura vacinal.

Foram analisadas, por exemplo, as consequências para o número geral de casos naquela população, em cada grupo (vacinados e não vacinados) e no risco de infecção. Os cientistas compararam, então, os resultados em três simulações: uma que os dois grupos interagiam entre si e outras duas em que os membros de cada grupo interagiam apenas com pessoas do seu próprio grupo.

No geral, os resultados do modelo mostraram que, embora baixo, o risco de infecção no grupo de pessoas vacinadas foi desproporcionalmente aumentado quando em contato com pessoas não imunizadas. Porém, para aqueles que não receberam a vacina, estar em contato com pessoas imunizadas reduziu consideravelmente as chances de contaminação, atuando como um “amortecedor para a transmissão”.

“Como esperado, as pessoas vacinadas estavam em risco significativamente menor de infecção por SARS-CoV-2 durante a epidemia; no entanto, quando ocorreu a mistura aleatória com pessoas não vacinadas, elas diminuíram as taxas de ataque (proporção da população contaminada) nas pessoas não vacinadas, servindo como um amortecedor para a transmissão”, escreveram os responsáveis pelo estudo.

Leia Também

Isso porque a taxa de ataque – medida a partir do número de pessoas contaminadas divididas pelo total daquela subpopulação – entre os vacinados foi de apenas 10% quando as interações eram exclusivamente entre si, mas subiu para 15% quando em contato com pessoas não vacinadas – um aumento de 50%. Já entre os não imunizados, a taxa, que era de 79% quando o contato era apenas entre eles, caiu para 62% na interação com pessoas vacinadas – uma queda de cerca de 22%.

Em resumo, enquanto a vacinação ajudou a reduzir o risco da Covid-19 mesmo entre aqueles que decidiram não se imunizar (ou não puderam), o ato de recusar a vacina contribuiu para elevar as chances de adoecimento tanto para os que não receberam a aplicação, como para os que foram vacinados – resultado que comprova o impacto coletivo da imunização.

 “O risco entre pessoas não vacinadas não pode ser considerado individual, e considerações sobre equidade e justiça para pessoas que optam por ser vacinadas, bem como aquelas que optam por não ser, precisam ser consideradas na formulação de políticas sobre vacinação”, escreveram os pesquisadores.

Apesar de o modelo ser simplificado, ou seja, não envolver todos os eventos mais complexos que ocorrem em uma sociedade, os responsáveis pelo estudo acreditam que os resultados são suficientes para comprovar o risco de não se vacinar mesmo para o resto da população. Para eles, esse é um fator que deve ser levado em consideração na formulação de políticas públicas de saúde.

“Historicamente, os comportamentos que criam riscos à saúde da comunidade e dos indivíduos têm sido objeto de regulação da saúde pública. Isso vale para doenças infecciosas transmissíveis, mas também se aplica a leis de saúde pública que limitam o consumo de cigarros em ambientes fechados e restrições legais à condução sob a influência de álcool e outros intoxicantes”, relembram os cientistas.

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!