Se você passou algum tempo nas redes sociais recentemente, provavelmente já viu a frase “Como serei triste se este ano eu…”. Ela viralizou como um jeito de celebrar as conquistas do ano, mas, olhando mais de perto, dá para perceber algo preocupante: ela parece ignorar completamente a tristeza , e aí está o problema.
Essa ideia de que só devemos valorizar o que deu certo, deixando de lado o que doeu, nos afasta de algo essencial — acolher nossas emoções, todas elas.
A tristeza, por mais que a gente a evite, é uma parte fundamental da vida. Sem ela, seria difícil crescer, aprender e até mesmo sentir alegria de forma mais profunda. Afinal, como reconhecer um momento feliz se não houver outro que foi desafiador para compararmos?
A tristeza nos ensina, nos faz parar para refletir, reorganizar a vida, repensar nossas escolhas . Não há nada de errado em senti-la. Pelo contrário: ela nos ajuda a amadurecer e a entender o que realmente importa.
Por isso, ao olhar para trás e fazer um balanço do ano, tentar ignorar os momentos difíceis não vai fazer com que eles desapareçam .
Fingir que está tudo bem ou se forçar a ser só gratidão quando, na verdade, houve dias pesados, só alimenta uma pressão desnecessária e nos desconecta do que somos de verdade.
Outro ponto importante dessa trend é como ela pode disparar gatilhos . É fácil se comparar com os outros, especialmente nas redes sociais, onde as pessoas compartilham o melhor de suas vidas — seus sucessos, conquistas e momentos felizes. Mas a gente esquece que, por trás de tudo isso, também existem dificuldades que nem sempre aparecem na foto ou no texto de legenda.
Cada pessoa tem seu próprio ritmo , seus próprios desafios. Comparar a nossa realidade com o recorte perfeito do outro é injusto e pode nos fazer sentir insuficientes sem motivo.
É essencial validar o que foi difícil no seu ano. Nem tudo precisa ser uma vitória grandiosa . Às vezes, levantar da cama em dias de tristeza, continuar mesmo sem motivação ou lidar com perdas é um feito enorme.
E, sim, você pode e deve se parabenizar por isso . Você chegou até aqui com as condições que tinha, do jeito que conseguiu, e isso já é motivo suficiente para sentir orgulho.
Em vez de tentar apagar as emoções difíceis ou focar só nas conquistas, que tal fazer uma retrospectiva mais real e compassiva? Aqui estão algumas perguntas que podem ajudar:
O que me desafiou este ano e o que eu aprendi com isso?
Mesmo as situações mais complicadas trazem algum tipo de lição. Reconheça o que esses momentos ensinaram sobre você e sobre a vida.
Quais foram as emoções mais presentes para mim este ano?
Dê espaço para todas as emoções, sem julgá-las. Não tem problema se a tristeza ou o medo apareceram mais do que você gostaria.
Quais foram os momentos difíceis que enfrentei e como consegui seguir em frente?
Perceba a sua força e resiliência. Mesmo que tenha sido devagar ou aos trancos e barrancos, você avançou.
O que posso agradecer, mesmo nas situações que não foram como eu esperava?
Às vezes, é possível encontrar algo valioso até nos momentos mais desafiadores.
Como posso honrar o meu caminho, mesmo que ele não tenha sido perfeito?
Reconheça suas pequenas conquistas, seus esforços e o fato de você estar aqui, ainda tentando. Isso já é motivo para celebração.Quando olhamos para o ano que passou, é importante reconhecer que ele foi real, com altos e baixos, com alegrias e dores.
Celebrar só as conquistas é esquecer que muitas vezes foi nos desafios que nos tornamos mais fortes. Então, ao invés de perguntar “Como serei triste se este ano eu…”, talvez devêssemos nos perguntar: “O que aprendi e como cresci, mesmo nos dias difíceis?”
No fim das contas, o que realmente importa é como você se sentiu ao longo do caminho e como essas experiências — todas elas — contribuíram para te fazer quem você é hoje.
Celebre isso: o humano completo que você é, com suas dores, suas alegrias e sua coragem de continuar .
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Oi, eu me chamo Priscila Conte Vieira , mas pode me chamar de Pri! Sou psicóloga, palestrante e mentora. Atuo na psicologia clínica, sou especialista em Psicologia Positiva, pós graduanda em Terapia Cognitivo Comportamental, master em autoconhecimento, coach de vida, practitioner em PNL e também criadora do Podcast Respira, não pira (que tal dar uma conferida lá no Spotify?!)
Estarei por aqui todas as semanas, abordando temas da Psicologia Positiva, felicidade, bem-estar e os auxiliando a serem as suas melhores versões, por meio do autoconhecimento e florescimento. Para saber mais sobre mim e me acompanhar no dia a dia, é só me seguir no Instagram! Estou por lá como @priscilaconte__. Te vejo no próximo Sábado! Até mais <3