Síndrome do final do ano: veja como a melancolia pode afetar a saúde mental neste período
Redação EdiCase
Síndrome do final do ano: veja como a melancolia pode afetar a saúde mental neste período

O final do ano é um período típico em que as famílias se reúnem para festejar a passagem de um ciclo e para renovar as esperanças para o novo ano que está por vir. No entanto, nem todos compartilham desses sentimentos e as comemorações podem se tornar um gatilho para angústia, estresse e ansiedade.

A princípio, um dos motivos para que essa época sirva de “gatilho” para algumas pessoas é a suposta necessidade social de se sentir feliz. Além disso, o período do Natal e do Ano Novo é marcado por reencontros familiares, o que pode ser estressante e até entristecedor para algumas pessoas.

“Isso pode acontecer pela má relação com parentes ou pela perda de algum ente querido, que não está mais presente na data, por exemplo”, explica o médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, Dr. Ariel Lipman.

Causas da síndrome

Como uma época destinada a reunir pessoas e relembrar os momentos felizes, o final de ano torna-se um momento triste para algumas pessoas, devido ao sentimento de saudade. Seja a falta de um parente que partiu ou que está distante, o sentimento tira o brilho das comemorações diante das memórias.

“A saudade pode apertar no final de ano e, com ela, vem a melancolia. Por isso, muitas pessoas acabam por se entristecer mais do que se alegrar nessa época, pois lembram de pessoas que já se foram, é como reviver o luto”, comenta o psiquiatra.

Segundo o Dr. Ariel Lipman, a partida recente de entes queridos pode influenciar ainda mais na síndrome. “A situação certamente será ainda pior quando é o primeiro Natal ou virada de ano em que uma pessoa passa sem alguém querido que já morreu, o que é natural”, diz o médico. Além disso, pessoas que não mantêm boas relações com suas famílias também podem sofrer nesse período e, consequentemente, sentir mais solidão.

Influência da solidão

A solidão pode se manifestar em pessoas que vivem sozinhas e não têm contato com familiares, por exemplo. Segundo o Dr. Ariel Lipman, muitas vezes elas vivem bem, mesmo sozinhas, mas durante as festas ficam mais deprimidas. Entretanto, a solidão pode aparecer de diversas formas e não somente em pessoas que vivem sozinhas, uma vez que, apesar da proximidade física, tem gente que pode sentir-se emocionalmente distante dos demais.

“O sentimento de solidão não é incomum no final do ano e, ao contrário do que as pessoas possam pensar, não se sente assim só quem vive sozinho ou não tem familiares próximos, pois pessoas com famílias aparentemente bem estruturadas também podem ser atingidos por essa sensação”, explica o psiquiatra.

Efeito da falsa positividade

A chamada “positividade tóxica” pode ser muito observada nessa época do ano. Ela é, resumidamente, uma postura assumida por algumas pessoas, a qual consiste em escapar ou silenciar qualquer tipo de sensação negativa. Sendo assim, no fim do ano, é possível testemunhar esse tipo de comportamento por parte de alguns, afinal, é socialmente imposto que a época das festas é necessariamente um tempo feliz para todos.

Porém, sabe-se que isso não é verdade, visto que nem todas as pessoas têm condições de comemorar ou motivos para celebrar. “Essa obrigação de se sentir feliz no fim do ano é algo que pode causar ansiedade em muitos. A pessoa que não compartilha desse espírito de comemoração pode se sentir desconcertada ou como se tivesse algo de errado com ela, mas é preciso entender que não é um dever comemorar ou estar bem no fim do ano, cada pessoa é uma pessoa e está tudo bem não compartilhar das festividades alheias”, esclarece o médico.

Evite a autocobrança

O médico ainda explica que as cobranças também podem ser um gatilho para o transtorno , por isso, evitar se culpar por não ter cumprido tudo que desejou no ano anterior é essencial. “É importante dizer também que quando pensamos em festa de final de ano, estamos pensando também em um ciclo que se encerra, ou seja, é normal ficar ansioso pelas promessas do ano que está chegando e até triste por não ter conseguido cumprir tudo o que queria no ano que está acabando”, finaliza o Dr. Ariel Lipman.

Por Beatriz Bradley

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