7 mitos e verdades sobre a cera de ouvido
A cera de ouvido não representa uma ameaça à saúde (Imagem: Peakstock | Shutterstock)
7 mitos e verdades sobre a cera de ouvido

A presença de cera de ouvido é uma parte natural do sistema de defesa do ouvido humano. Portanto, em condições normais, ela não representa uma ameaça à saúde. No entanto, tentar removê-la com soluções caseiras pode causar problemas mais sérios. Por isso, a otorrinolaringologista Bruna Assis, do Hospital Paulista – referência em saúde de ouvido, nariz e garganta –, esclarece os principais mitos e verdades sobre a cera de ouvido. Confira!

1. A cera nos ouvidos é um mau sinal

Mito. A cera é uma substância benéfica, produzida pela pele do canal auditivo, que ajuda na proteção do ouvido e contém substâncias com propriedades antibacterianas.

2. A cera precisa ser retirada periodicamente com hastes flexíveis

Mito. Conforme a otorrinolaringologista, o ouvido tem mecanismos próprios que permitem a expulsão lenta e periódica do excesso de cera. O uso de hastes flexíveis e semelhantes prejudica a atuação desses mecanismos, favorecendo o acúmulo e a compactação da cera no canal auditivo, podendo causar lesões na pele do conduto e no tímpano, e até mesmo a perda auditiva.

“Nos casos em que a cera esteja em excesso, prejudicando a audição e causando incômodo, o paciente deve procurar o otorrinolaringologista para ser feita a remoção com os instrumentos e técnicas adequadas, após uma correta avaliação”, explica a especialista.

3. O acúmulo de cera pode prejudicar momentaneamente à audição

Verdade. O mais comum é o acúmulo de cera, e não uma produção em excesso da substância. Nesses casos, o paciente tem uma sensação de ouvido tampado, com consequente diminuição e abafamento da audição, que gera bastante incômodo. De acordo com a médica, alguns casos podem vir associados à coceira e à dor, geralmente de leve intensidade. Em outros, podem estar associados à inflamação do canal auditivo.

4. A produção de cera depende de vários fatores

Verdade. A produção depende de fatores como condições de pele, estado febril, irritações locais e até mesmo o estado emocional do paciente. Banhos de imersão em mar, piscinas e lagos não afetam a produção do cerume, mas podem causar sensação de ouvido tampado, o que leva a um aumento significativo da procura ao atendimento de otorrinolaringologia durante o verão.

5. A água não afeta a condição da cera nos ouvidos

Mito. A entrada de água pode deslocar a cera já existente no canal auditivo, gerando o seu bloqueio. Da mesma forma, a simples presença da água já pode gerar uma sensação de entupimento do ouvido. Isso costuma ser breve, melhorando após a evaporação ou escorrimento natural da água.

Nesses casos, o ato de virar a cabeça com a orelha afetada para baixo e puxá-la levemente para trás pode ajudar no escoamento da água. Caso a sensação de obstrução da audição permaneça mesmo após essa manobra e não melhore após algumas horas, deve-se suspeitar da presença de cera impactada e até mesmo de outras condições como inflamações do canal auditivo, se houver também dor ou coceira. Assim, o paciente deverá procurar auxílio para o devido tratamento.

6. O uso de fones pode ser prejudicial para a cera nos ouvidos

Verdade. O uso de fones de ouvido do tipo intra-auricular, ou seja, aqueles que penetram o canal auditivo, pode ser danoso, pois eles “empurram” a cera para dentro, podendo gerar acúmulo da substância. De acordo com a médica, estes são os principais cuidados em relação aos fones de ouvidos:

  • Dar preferência aos fones que não penetram o canal auditivo, como os que se encaixam na cartilagem da concha, os que se apoiam atrás da orelha e os que cobrem a orelha;
  • Fazer a higienização periódica dos fones auditivos com álcool após o uso para evitar infecções;
  • Escolher o modelo de fone de ouvido que mais lhe cause conforto. Caso algum determinado modelo cause dor persistente, evitar o uso e procurar auxílio com o otorrinolaringologista;
  • Independentemente do modelo do fone de ouvido, deve-se evitar o volume demasiadamente alto, assim como a exposição prolongada ao som, pois intensidades sonoras altas e prolongadas muito próximas ao órgão auditivo podem causar lesões como perda auditiva e zumbido, que podem ser irreversíveis.

7. Na maioria das vezes, o tratamento para o excesso de cera é indolor

Verdade. A remoção da cera de ouvido é um procedimento rápido, na maioria das vezes indolor e gera um alívio imediato dos sintomas. O médico irá detectar a causa das sensações relatadas pelo paciente e proceder à sua remoção, caso haja excesso. Nesse caso, o médico pode empregar as seguintes técnicas e instrumentos, dependendo de cada paciente:

  • Irrigação (lavagem) com água limpa na temperatura corporal, através do auxílio de seringas ou duchas automáticas;
  • Sucção da cera com uma sonda de aspiração fina;
  • Remoção mecânica da cera com uma cureta delicada.

Em alguns casos, quando a cera está muito petrificada ou impactada, pode ser necessária a prescrição de gotas otológicas para “amolecimento” do resíduo, alguns dias antes do procedimento, a fim de facilitar a remoção.

Por Alessio Venturelli

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