Para muitas pessoas, o início do ano é um momento de rever atitudes, repensar os resultados, traçar novos planos e definir prioridades. Logo, é comum haver uma certa ansiedade e autocobrança. No entanto, quando esses sentimentos atrapalham o dia a dia, é preciso atentar-se a eles.
Segundo Ronan Mairesse, especialista em Desenvolvimento Humano e Análise Comportamental, a autocobrança e a ansiedade se tornam perigosas quando alteram a fisiologia, isto é, causam dores musculares, suor nas mãos, falta de sono, entre outros sintomas. “O corpo sente quando a mente não está bem e, nesses casos, deve-se procurar o mais rápido possível um psicólogo ou psiquiatra”, completa o profissional.
Causas da autocobrança e ansiedade
Como dito anteriormente, a autocobrança e a ansiedade são consideradas sensações comuns no início de um novo ano. Todavia, existem fatores que levam a elas, desde questões culturais até sociais. “Quando chegamos ao final do ano, culturalmente, temos a tendência de comemorar conquistas. Quando a pessoa chega em dezembro, por exemplo, e percebe que não evoluiu nos últimos onze meses, ela pode se sentir incapaz”, declara Ronan Mairesse.
Blenda Oliveira, psicanalista e doutora em Psicologia, ressalta que o Natal também é uma data que influencia a autocobrança e a ansiedade no início do ano. Afinal, essa comemoração tem um apelo familiar muito grande, bem como uma intensa reflexão, o que significa momentos de sofrimento para muitos indivíduos.
Perigo das promessas de fim de ano
Além dos motivos citados, a ansiedade e a autocobrança, frutos das promessas feitas no ano anterior, também podem trazer consequências emocionais. De acordo com Ronan Mairesse, caso os compromissos não sejam cumpridos, muitas pessoas tendem a ficar tristes e se sentirem culpadas, mesmo que essa realização não dependa de si.
Ademais, a psicóloga clínica Sirlene Ferreira comenta que, “ao estabelecer metas muito cruéis, a possibilidade de elas não serem cumpridas é alta, o que tem como consequência decepções e frustrações”.
Pessoas propícias a desenvolverem ansiedade e autocobrança
Todo indivíduo está sujeito a desenvolver ansiedade e autocobrança no início do ano. Contudo, existem pessoas mais predispostas, conforme detalha Sirlene Ferreira, como aquelas que procrastinam, que criam muitas fantasias, que são perfeccionistas demais e que são muito exigentes consigo e com os outros.
Além disso, Ronan Mairesse comenta que os indivíduos que estão enfrentando grandes mudanças e/ou apresentam alguma psicopatologia , como traumas, também integram o grupo de risco.
Vencendo a autocobrança e a ansiedade
Para vencer a autocobrança e a ansiedade, alguns passos simples precisam ser dados. A psicóloga clínica Sirlene Ferreira cita que a autogentileza e o respeito pelos próprios limites são os primeiros deles.
Outra etapa desse processo é o autoconhecimento da própria individualidade. Isso porque se conhecer é essencial para saber como agir quando não atender às expectativas internas e externas. “Nosso modo de ser é moldado pela nossa família, amigos e sociedade em geral, mas não podemos nos esquecer da nossa bioquímica e da maneira como as nossas crenças, sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o mundo externo, foram criadas”, esclarece Ronan Mairesse.
Psicoterapia como uma grande aliada
Caso os passos citados não tragam resultados efetivos ou a pessoa sinta que precise de um auxílio extra, a psicoterapia pode se tornar uma grande aliada na luta contra a autocobrança e a ansiedade. “É importante ter alguém com quem conversar e nos ouvir sem julgamento”, enfatiza Ronan Mairesse.
Ainda nesse contexto, o tratamento psicológico “é indicado quando a pessoa deseja ter um interlocutor que auxilie no processo de autoconhecimento e que a ajude a entender como fazer as transições que precisa e/ou busca”, acrescenta Blenda Oliveira.
Maneiras de evitar a autocobrança e a ansiedade
Ainda mais importante do que tratar a ansiedade e a autocobrança do início do ano, é descobrir maneiras de evitá-las. Para Blenda Oliveira, um modo eficaz é a análise equilibrada. “É importante que a pessoa faça uma avaliação do que ela quer e, principalmente, do que ela pode alcançar”, exemplifica.
A psicanalista e doutora em Psicologia também comenta que é fundamental diminuir as expectativas, não se comparar aos outros e lembrar que as mudanças profundas são dadas com passos pequenos.