A doença de Parkinson, um distúrbio neurológico crônico e progressivo, afeta o sistema nervoso central. Atinge aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 55 anos, sendo mais de 200 mil pessoas somente no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, com o crescimento da expectativa de vida e do envelhecimento, esses números podem dobrar até 2040.
Essa condição se dá devido à degeneração gradual e progressiva das células nervosas na região do cérebro responsável pelo controle do movimento, conhecida como substância negra. Conforme informações da Associação Brasil Parkinson, essas células são responsáveis pela produção da dopamina, uma substância que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. Assim, a falta ou redução de dopamina acaba afetando os movimentos do paciente.
No entanto, a origem exata do Parkinson ainda não foi identificada pela ciência. “As causas são desconhecidas. Porém, acredita-se que a doença ocorra por causas multifatoriais combinadas. Fatores ambientais associados à predisposição genética”, explica a Dra. Carolina Souza, neurocientista com PhD em Neurologia pela Universidade de São Paulo e especialista em neuromodulação não invasiva.
Sintomas do Parkinson
O Parkinson é caracterizado principalmente por sintomas motores. De acordo com informações da Associação Brasil Parkinson, o paciente com essa doença pode apresentar lentidão de movimento (bradicinesia), rigidez muscular, aumento gradual de tremores, problemas de postura e equilíbrio, caminhar arrastando os pés e postura inclinada para a frente. Além disso, o tremor típico afeta os dedos ou as mãos, mas pode também atingir o queixo, a cabeça ou os pés.
Conforme a Dra. Carolina Souza, a condição também apresenta casos de sintomas não motores. “Os não motores são depressão, apatia, alterações do sono REM e diminuição do olfato”, acrescenta.
Diagnóstico da doença de Parkinson
Assim como a doença, o diagnóstico do Parkinson também é complexo. Isso porque não existe um exame específico para identificá-lo. Geralmente, a investigação da doença é realizada por um neurologista, que utiliza uma combinação de histórico médico detalhado, exame físico (como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal) e avaliação dos sintomas, excluindo outras condições que atingem o cérebro e apresentam sinais semelhantes.
Grupos mais atingidos pela doença
A doença de Parkinson pode afetar qualquer pessoa, embora seja mais comum em pessoas mais velhas, visto que, conforme a Associação Brasil Parkinson, os primeiros sintomas começam a surgir aos 50 anos. “O grupo de risco são principalmente os pacientes idosos, mas também temos evidências que pacientes que tiveram exposição a determinados fatores ambientais como agrotóxicos, traumatismo craniano de repetição e que possuem história familiar positiva têm maior incidência da doença”, explica a neurologista Dra. Sara Casagrande.
Além disso, segundo a Dra. Carolina Souza, a condição costuma atingir mais os homens. “Um estudo publicado no periódico American Journal of Epidemiology , em 2001, mostrou que a relação chega a ser de dois homens diagnosticados para cada mulher com Parkinson. Ainda, a mesma pesquisa demonstrou que, nas mulheres, os sintomas da doença surgem cerca de dois anos depois de quando se manifestam nos homens”, afirma.
Outras condições que afetam pacientes com Parkinson
Além dos sintomas provocados pela doença de Parkinson, os pacientes com a condição também estão mais suscetíveis a outras complicações de saúde. “O Parkinson pode ter relação com a diabetes, e pacientes com Parkinson têm maiores chances de algumas doenças de pele – como seborreia e até melanoma. Lembrando que constipação, alterações de olfato, alterações de sono (distúrbios do sono REM), depressão e ansiedade são comuns em pacientes com Parkinson, por serem manifestações da própria doença, mesmo que aconteçam antes dos sintomas motores e diagnóstico clínico”, diz a Dra. Sara Casagrande.
Tratamento para a doença de Parkinson
Não existe cura para a doença de Parkinson. Todavia, há tratamentos que ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, além de retardar o progresso da condição. A Dra. Carolina Souza explica que o tratamento medicamentoso à base de dopamina, por exemplo, auxilia na redução dos sintomas.
“O tratamento da doença de Parkinson visa ao controle dos sintomas, deve ser individualizado e pode envolver a necessidade de uma equipe multidisciplinar de acordo com as manifestações e prioridades para cada fase da doença (neurologista, geriatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, educador físico). O objetivo é manter o paciente o maior tempo possível com autonomia, independência funcional e equilíbrio psicológico”, acrescenta a Dra. Maira Tonidandel Barbosa, geriatra titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Prevenindo a doença de Parkinson
Como ainda é desconhecida a causa exata da doença de Parkinson, não existem definidamente maneiras de preveni-la. No entanto, estudos sugerem que hábitos de vida saudáveis podem contribuir para reduzir as chances de desenvolvimento da condição.
“Sabemos que alguns fatores associados ao estilo de vida são os mais promissores para reduzir a chance de uma pessoa ter doença de Parkinson. Por exemplo, a prática diária de atividade física e uma dieta balanceada reduzem a chance de uma pessoa desenvolver doença de Parkinson no futuro”, finaliza a Dra. Carolina Souza.