Um novo medicamento contra a hipertensão arterial está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Bristol, Inglaterra. A terapia busca ajudar até mesmo os pacientes resistentes aos remédios disponíveis atualmente.
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O composto MK-7264/AF-219, como está sendo chamado, deve ter os testes em humanos iniciados na Inglaterra. O novo medicamento atuará no corpúsculo carotídeo, um órgão localizado nas artérias carótidas. De acordo com Benedito Honorio Machado, professor do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, neste órgão existem células que são ativadas de forma irregular em pessoas com hipertensão .
O medicamento está sendo desenvolvido pelo laboratório Afferent Pharmaceuticals com base em pesquisadas realizadas pelas equipes de Machado, na USP, e do professor Julian Paton, da Universidade de Bristol. Foram mais 15 anos estudando as células presentes no corpúsculo carotídeo que se relacionam com o controle cardiovascular. Também colaboraram cientistas da Universidade de Auckland, da Nova Zelândia.
Segundo Machado, o composto MK-7264/AF-219 deve ser capaz de normalizar a atividade das células em hipertensos. O especialista explica que existem dois corpúsculos carotídeos no corpo humano, sendo um em cada artéria carótida, responsável por levar o sangue rico em oxigênio que vem do coração para o cérebro.
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Eles funcionam como sensores que alertam o sistema nervoso central quando, por qualquer situação, o nível de oxigênio no sangue diminui. Quando isso ocorre, há um aumento da frequência cardíaca e da resistência à passagem do fluxo sanguíneo, causando aumento da pressão arterial. Há aumento também da respiração para aumentar a quantidade de oxigênio.
Esse é um sistema de defesa comum que, em hipertensos, ocorre constantemente, de acordo com estudos. O novo medicamente foi desenvolvido para combater a origem dessa atividade irregular.
Estudo
Nos experimentos feitos na USP foram analisados uma linhagem de ratos que se tornaram espontaneamente hipertensos, após anos de cruzamento entre animais com pressão arterial elevada.
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Foram medidos os níveis de atividade das células do corpúsculo carotídeo em diferentes situações. Os animais hipertensos apresentaram um desempenho contínuo e, quando submetidos a uma situação de redução de oxigênio, responderam de forma mais acentuada.
Após receber o medicamento, os níveis dos animais com hipertensão arterial se mantiveram iguais aos ratos saudáveis por uma hora.