Foram avaliados os hábitos alimentares e a qualidade da função mastigatória de 230 adolescentes entre 14 e 17 anos
Shutterstock
Foram avaliados os hábitos alimentares e a qualidade da função mastigatória de 230 adolescentes entre 14 e 17 anos

A obesidade infantil se torna cada vez mais realidade na vida do brasileiro. Por conta disso, estão sendo realizadas diversas pesquisas para apontar as causas e efeitos do problema nas crianças e adolescentes. Uma delas, realizada por especialistas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), indica que aqueles acima do peso apresentam comportamento mastigatório diferente dos com peso normal.

LEIA MAIS: Obesidade saudável pode ser um mito, aponta pesquisa

Adolescentes com sobrepeso ou obesidade acompanhados nos testes apresentaram alterações relativas às funções dos músculos da boca e maior dificuldade em realizar a mastigação, o que pode afetar a qualidade da alimentação, de acordo com Paula Midori Castelo, do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp.

“Há um consenso entre dentistas e fonoaudiólogos de que é importante se alimentar e mastigar devagar, em ambos os lados do arco dentário, para que o alimento possa ser triturado e processado adequadamente antes da deglutição, evitando-se ainda hábitos que dificultem sua absorção, como a ingestão de líquidos enquanto come”, explicou Paula, autora principal da pesquisa.

LEIA MAIS: Contra obesidade infantil, instituto vai oferecer aulas de judô gratuitas

Os testes, porém, não determinam se o problema na mastigação está relacionado às causas do sobrepeso e da obesidade ou aos seus efeitos. A especialista afirma que a descoberta é importante para indicar quais comportamentos e hábitos precisam ser observados e corrigidos na alimentação dos jovens.

Estudo

Foram avaliados os hábitos alimentares e a qualidade da função mastigatória de 230 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos, sendo que 115 com peso normal. Nenhum dos jovens tinha cárie ou outra condição que afetasse a saúde bucal. Para avaliar a mastigação, foram feitas gravações em vídeo, posteriormente analisadas por uma fonoaudióloga, e usado uma goma de mascar especial.

Meninas com sobrepeso ou obesidade mastigam com maior frequência de um lado só, segundo a pesquisa, impedindo que a mandíbula, que possui articulações bilaterais, atue igualmente de ambos os lados. A característica pode causar prejuízos à formação do bolo alimentar e perdas nutricionais, além de alterações estruturais de um dos lados do arco dentário.

LEIA MAIS: Consumo de carne processada pode piorar asma, indica estudo

Já os meninos se mostraram melhores mastigadores e mais rápidos. “É comum ouvir que o indivíduo que come rápido demais não mastiga direito, engolindo o alimento ainda pouco triturado, mas o homem tem mais massa muscular e mais força física, conseguindo com menos tempo imprimir maior força na mastigação e processar melhor a comida. Também há aspectos culturais envolvidos, como o hábito de meninas mastigarem com mais delicadeza”, explicou Paula.

Entretanto, comer rápido não é necessariamente melhor, já que, quando mastigamos por mais tempo tendemos a comer menos. “A informação do processamento do alimento vai sendo transmitida ao sistema nervoso central e os hormônios que levam ao sentimento de saciedade vão sendo liberados. Dessa forma, quem mastiga rápido, ainda que com a força adequada, pode tender a comer mais.”

*Com informações da Agência Fapesp

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!