Novo estudo indica que crianças em idade pré-escolar que são colocadas na cama até as 20h tem menos chance de desenvolverem obesidade do que aquelas colocadas na cama após esse horário. A análise foi feita pela Universidade Estadual de Ohio e publicada pelo The Journal of Pediatrics.
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De acordo com os pesquisadores, o hábito de dormir após as 21h foi mais frequente naqueles que, nos anos seguintes, acabaram sofrendo com a obesidade . Os benefícios de dormir cedo poderiam incluir também o desenvolvimento social, emocional e cognitivo.
Foram avaliados os dados de 977 crianças nascidas desde 1991 nos Estados Unidos. O grupo foi dividido em três categorias a partir do horário de dormir: os que iam para cama às 20h ou mais cedo, entre 20h e 21h e a partir das 21h. Os pesquisadores analisaram os dados referentes aos quatro anos e meio de idade até os 15 anos.
Das crianças que dormiam mais cedo, apenas uma em cada dez se tornou um adolescente obeso. Já em relação aqueles que dormiam entre 20h e 21h, 16% apresentaram estar acima do peso quando mais velhos. O problema foi mais recorrente entre os que dormiam mais tarde quando pequenos: 23%.
Por que isso acontece?
Apesar do resultado deste estudo, não é exatamente colocando a criança para dormir mais cedo que diminuirá as chances dela ficar obesa. De acordo com Dra. Maria Edna de Melo, doutora em Endocrinologia pela USP e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, dormir cedo está associado com bons hábitos de vida e uma série de ‘consequências’.
“Quando a gente adormece, é liberada a melatonina, hormônio que regula o organismo. Ela faz com que o corpo ‘desligue’ e tenha um descanso profundo. Já quando não dormimos há maior produção de cortisol, hormônio que facilita a formação de gordura.”
A especialista explica que pessoas que não dormem direito podem ficar mais irritadas e ansiosas, favorecendo um consumo maior de alimentos, principalmente os mais ricos em gordura e açúcares e que engordam mais. Outro ponto é que quem dorme mais tarde pode acordar mais tarde também e querer pular o café da manhã, alterando o ciclo biológico.
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“Não conhecemos muito bem os hormônios que participam desse ritmo corporal, mas o que se sabe é que é extremamente importante termos um ritmo”, afirmou Dra. Maria Edna de Melo. A partir do momento que o ciclo é quebrado, algumas reações físicas, como a obesidade, são apresentadas.
Dr. Bruno Halpern, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que, mudando o nosso relógio biológico, o nosso organismo fica confuso. Outro problema é que, dormindo mais tarde, a pessoa acaba comendo em um horário que não deveria estar consumindo muitas calorias.
Como evitar a obesidade infantil
Tanto Dra. Maria quando Dr. Bruno concordam que uma forma eficaz de se tentar combater a obesidade é dando exemplo aos pequenos. “Não adianta querer que eles comam salada, por exemplo, se a família não come”, disse Dra. Maria.
É preciso também criar uma rotina alimentar, evitar alimentos ricos e açúcar e gordura, promover a boa ingestão de água, estimular a prática de atividade física , brincadeiras e até limitar o uso de eletrônicos. “O uso de telas – celulares, computadores, televisão – pode interferir no sono, inibindo a melatonina”, afirmou a especialista. Para crianças a partir de dois anos, por exemplo, o tempo máximo deve ser de duas horas.
Para Dr. Bruno, as crianças também deveriam ficar longe dos aparelhos eletrônicos a partir das 17h. Já os pais devem incentivar o consumo variado de alimentos para se evitar a obesidade. “Às vezes, a gente precisa de uma familiaridade maior com o que vai comer. Não adianta desistir depois da primeira vez que o filho não gostou.”