“Mais vale prevenir do que remediar”. Apesar de todos os avanços já alcançados no tratamento do câncer, ninguém discorda de que o ditado continua verdadeiro.
Felizmente, há muito o que fazer para evitar o câncer ou, pelo menos, diagnosticá-lo precocemente, a tempo de impedir danos irreparáveis.
No entanto, as mudanças nos hábitos que poderiam evitá-las têm se revelado um enorme desafio. Por isso, o ideal é adotar um estilo de vida saudável o mais cedo possível, com cuidados ainda na infância, para sermos mais eficientes na prevenção do câncer.
Alimentação
Inúmeros estudos populacionais mostram a importância dos hábitos alimentares no desenvolvimento do câncer. E, como os hábitos alimentares são adquiridos em casa, ainda na infância, devemos olhar para isso como um investimento no futuro.
O paladar das crianças costuma se formar nos primeiros anos de vida, daí a importância de se oferecer uma dieta variada.
A ciência já confirmou os benefícios de um cardápio rico em folhas, legumes e frutas (várias porções ao dia), azeites, grãos, castanhas e peixes. Sabemos também da importância de limitar a ingestão de açúcar e de alimentos enlatados e defumados, dando preferência a pães e massas feitos com farinha integral.
A limpeza e a boa preservação dos alimentos são fundamentais para assegurar seus benefícios. Lavar as folhas, legumes e frutas em água corrente é essencial.
Vale lembrar que a melhor preservação dos alimentos, com o uso disseminado dos refrigeradores, foi responsável, por exemplo, por uma enorme redução na incidência do câncer de estômago ao longo do século passado.
Cuidados com o sol
Tomar sol é um hábito bastante saudável. Todos sabem de sua importância para o desenvolvimento ósseo e de sua contribuição para o bem-estar físico e mental. Entretanto, está também cada vez mais claro que a exposição acumulada aos raios de sol representa um risco para o desenvolvimento dos diferentes tipos de câncer de pele.
Para evitar os prejuízos causados pelos raios UV sobre a pele, recomenda-se o uso de protetor solar em toda exposição à luz do sol. Se a exposição ocorrer após as 10 horas e antes das 16 horas, períodos em que a quantidade desses raios está aumentada, deve-se proteger a pele de forma mais completa, com chapéus e camisetas.
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Vacinação
O vírus da hepatite B favorece o desenvolvimento do hepatocarcinoma (câncer de fígado), enquanto o vírus do papiloma humano (HPV) está associado a alguns tipos de câncer, entre eles o do colo uterino. A boa notícia é que existem vacinas capazes de evitar a infecção por estes dois agentes.
Por isso, é fundamental seguir rigorosamente o calendário de vacinação, conforme proposto pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pelo Ministério da Saúde (MS).
A vacina contra a hepatite B começa a ser administrada próximo ao nascimento, e é repetida várias vezes durante a infância.
O MS recomenda a vacinação contra o HPV entre 9 e 13 anos de idade, mas isso não significa que ela não possa ser administrada mais tardiamente, para jovens e adultos de qualquer idade.
As duas vacinas devem ser aplicadas em meninos e meninas.
Exercícios
O mundo enfrenta uma epidemia de obesidade e sedentarismo. Algo difícil de imaginar pouco tempo atrás. O problema maior é que essa situação já começa a afetar crianças e adolescentes, com consequências a longo prazo.
Estudos populacionais brasileiros apontam que mais de 1/3 de nossas crianças encontra-se em sobrepeso ou obesa.
Além de rever a alimentação, é fundamental que tenham tempo e busquem espaço para brincar, correr, jogar e, ainda mais importante, se divertir.
Exercícios físicos são muito importantes para o crescimento, o desenvolvimento neuromuscular, a formação óssea, o controle metabólico, a preservação da autoestima e, por fim, para evitar o câncer.
Fumo
O fumo é um dos principais fatores de risco conhecido para o desenvolvimento do câncer e responde pela grande maioria dos casos de câncer de pulmão, cabeça e pescoço, esôfago e bexiga, entre outros.
Pessoas que convivem com fumantes têm risco aumentado para desenvolver uma série de doenças, entre elas o câncer de pulmão. Sendo assim, o ambiente de uma criança deve estar sempre livre de fumaça de cigarro.
Sabemos também que uma boa parte das pessoas começa a fumar durante a adolescência. Como o risco de desenvolver o câncer aumenta conforme cresce o número de cigarros consumidos (consumo diário e tempo de tabagismo), começar a fumar cedo é motivo de grande preocupação.
É importante destacar que não existe uma quantidade segura de cigarros que uma pessoa poderia fumar sem precisar se preocupar com o câncer.
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Dr. Claudio Ferrari
Oncologista Clínico
Assessor de Diretoria do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
Secretário de Comunicação da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
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