O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, se desenvolve lentamente ao longo de muitos anos. O tumor pode surgir em diferentes partes do órgão, causando diversos sintomas e demandando diferentes formas de tratamento.
Um dos maiores prazeres da vida é poder provar um prato saboroso, uma tradicional sobremesa ou degustar um bom drink. Por isso, é fundamental conhecer um pouco mais sobre o mundo dos alimentos e, principalmente, como funciona o organismo depois que a comida passa pela boca. O estômago é um órgão do corpo humano que desempenha um papel importante na digestão.
Tudo que comemos tem um destino certo. Primeiro, o alimento passa pela faringe indo até o esôfago, que faz o transporte até o estômago, onde é misturado com o suco gástrico para transformar tudo em uma pasta espessa. Em seguida, esse bolo alimentar passa ao intestino delgado, dando continuidade ao processo digestivo. E, é nesse processo, que o organismo retira todas as vitaminas e nutrientes necessárias para o corpo humano.
O adenocarcinoma é o tipo mais comum (95%) dos tumores de estômago que se originam na mucosa. Bem menos frequentes são os linfomas, e os tumores neuro-endócrinos que podem produzir hormônios, além de outros tipos de tumores muito mais raros.
A grande incidência do câncer de estômago na primeira metade do século passado não é mais observada hoje em dia. Pode-se afirmar que o número de casos novos vem diminuindo cada vez mais, por razões ainda não totalmente conhecidas. Existem estudos que ligam esse fato ao aumento da utilização de sistemas de refrigeração para armazenar os alimentos, por exemplo. Antigamente, quando não existiam geladeiras, os alimentos eram mantidos conservados à base de sal e havia o consumo elevado de defumados, sendo esses alguns dos fatores que se acredita terem ligação com o desenvolvimento do tumor.
O coordenador do Serviço Oncológico de Gastroenterologia do Icesp, Jorge Sabbaga, explica que uma das principais causas do câncer de estômago é a bactéria chamada Helicobacter pylori (H. pylori), que possui a incrível capacidade de sobreviver no meio extremamente ácido do estômago. A acidez gástrica funciona como um mecanismo de defesa do nosso organismo contra as bactérias que são ingeridas junto com os alimentos, só que a H. pylori foi evolucionariamente adaptada a viver em um meio tão hostil. Ela ataca exclusivamente a mucosa gástrica, causando lesões e inflamações que podem levar a gastrite, úlcera e até ao câncer de estômago.
É sabido também, que grande parte das pessoas apresentam essa bactéria, sendo, no entanto, poucas as que desenvolvem o câncer. Portanto, a H. pylori não é a única causadora do câncer de estômago, existem outros fatores de risco.
O médico explica que um tipo específico de câncer de estômago tem aumentado sua incidência ao longo das últimas décadas, é o tumor que se instala na porção de cima do estômago, próximo ao esôfago, numa região chamada cárdia. “Este câncer está relacionado à obesidade, ao refluxo gastresofágico e a fatores alimentares, além do consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo”, destaca Sabbaga.
É fundamental manter um peso adequado ao longo da vida, ingerir alimentos saudáveis e praticar atividades físicas. A obesidade pode trazer riscos não só para o estômago, mas para o desenvolvimento de outras doenças.
Raramente pessoas com câncer de estômago apresentam sintomas na fase inicial, por isso ele é tão difícil de ser diagnosticado precocemente. Entre os sinais que podem ser observados está a perda de peso, dor ao engolir e abdominal, emagrecimento, azia e indigestão, vômitos com ou sem sangue, além de inchaço ou acúmulo de líquido no abdome.
O tratamento, na maioria das vezes é cirúrgico, podendo ser feita a retirada total ou parcial do estômago. Utiliza-se também, de acordo com a necessidade de cada paciente, uma combinação com a quimioterapia e radioterapia.
No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), uma média de 2,5 mil pacientes fazem ou já fizeram o tratamento para o câncer de estômago.
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A prevenção do câncer começa pela boca
Todo mundo sabe que manter uma alimentação equilibrada e um peso adequado são fatores importantes para garantir a saúde ao longo da vida. Para isso, é necessário fazer a escolha correta na hora de montar o prato no dia a dia.
Segundo Vivian Savane, do Serviço de Nutrição e Dietética do Icesp, existem muitos aditivos alimentares que são associados com o desenvolvimento do câncer, se consumidos constantemente ou em excesso. Por exemplo, os nitritos e nitratos utilizados para manter a conservação de alguns tipos de alimentos, como defumados, enlatados e embutidos, quando chegam ao estômago se transformam numa substância chamada nitrosamina, que tem ação carcinogênica.
O consumo elevado de sal também está relacionado com o desenvolvimento do câncer de estômago, o limite recomendado pelos médicos é uma colher de chá por dia. Porém, a nutricionista explica que a principal fonte de sódio é o sal de cozinha (usado como tempero), ou o mesmo pode estar presente em diversos alimentos que as pessoas nem imaginam, como em refrigerantes, sucos de caixinha e os macarrões instantâneos. “O ideal não é parar de comer nenhum tipo comida, porém tentar ter uma alimentação o mais natural possível”, destaca.
“Para garantir uma alimentação saudável, o que não pode faltar no cardápio são os legumes, verduras e frutas. É muito importante não esquecer de beber água e apostar em atividades físicas”, afirma Vivian.
Outro hábito que deve ser evitado é o de fumar. Os derivados do tabaco – cigarro, cachimbo, charuto, cigarro de palha – liberam cerca de 4.700 substâncias prejudiciais ao organismo, sendo uma delas, o Alcatrão, composto por mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas. Essas podem gerar úlcera ou gastrite e até levar ao desenvolvimento de um tumor.
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Além disso, fumar aumenta a produção de ácido no estômago, podendo causar irritação em todos os órgãos do aparelho digestivo. Não podemos esquecer falar da nicotina, ela pode interferir na absorção dos nutrientes presentes nos alimentos.
O consumo de álcool também é ruim para a saúde do estômago e, quando é consumido juntamente com o cigarro, pode aumentar ainda mais os riscos. Bebida alcoólica irrita as mucosas do esôfago e do estômago, e ainda pode provocar sintomas de má digestão.
Divulgação Icesp
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