Pesquisadores desenvolvem exame de vista simples como alternativa menos invasiva para detectar Alzheimer
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Pesquisadores desenvolvem exame de vista simples como alternativa menos invasiva para detectar Alzheimer

Quem não gostaria de poder prever o futuro para conseguir evitar possíveis problemas e saber como agir quando más notícias chegarem? A medicina certamente seria uma das áreas mais beneficiadas com a “habilidade”, podendo usar a vantagem para adiantar o tratamento de doenças comuns durante o envelhecimento, como câncer, Parkinson ou Alzheimer, e dessa forma, salvar milhares de vidas.

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 Pensando nisso, cientistas americanos desenvolveram um teste que poderá dar um gostinho deste “poder” aos médicos. Com a criação de uma avaliação simples, os profissionais da saúde serão capazes de detectar a possibilidade de o paciente desenvolver  Alzheimer até duas décadas antes dos primeiros sintomas surgirem, por meio de um simples exame oftalmológico.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores testaram a análise em 16 pacientes diagnosticados com a doença. Comparando seus resultados com varreduras cerebrais, o método escolhido para apontar os sinais, o exame de vista , foi muito bem sucedido.

Os especialistas afirmam que a descoberta é um dos maiores avanços já registrados na história da pesquisa sobre a doença, tratando-se ainda de uma avaliação que identifica os primeiros sintomas da condição, em um teste simples e não invasivo.

"Os achados sugerem que a retina pode servir como uma fonte confiável para o diagnóstico de doença de Alzheimer", declarou o autor principal do estudo, o Dr. Maya Koronyo-Hamaoui, neurocirurgião no Centro Hospitalar Cedars-Sinai, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

"Uma das principais vantagens de analisar a retina é a repetição, que nos permite monitorar pacientes e potencialmente a progressão de sua doença", completa Koronyo-Hamaoui.

Muito comum a partir da terceira idade, a condição é um problema neuro-degenerativo, capaz de provocar o comprometimento das funções cognitivas. Um dos sintomas mais comuns é a perda de memória, que com tempo, evolui até provocar demência, diminuindo as capacidades de trabalho e relação social e interferindo no comportamento e na personalidade.

Resultados

Até cerca de uma década atrás, a única maneira de diagnosticar oficialmente alguém com doença de Alzheimer era analisar seu cérebro de forma póstuma.

Nos últimos anos, a ferramenta mais utilizada para esse fim pelos médicos era a tomografia por emissão de pósitrons (TEP), que era feita a partir dos cérebros de pessoas vivas, para identificar marcadores da doença.

No entanto, a tecnologia é muito cara a avaliação é considerada invasiva, uma vez que é preciso injetar rastreadores radioativos nos pacientes. Como uma alternativa à esse método, a equipe do Dr. Koronyo-Hamaoui decidiu identificar uma técnica mais econômica e menos agressiva.

Para isso, foi preciso que os profissionais da área de pesquisa do Cedars-Sinai contassem com o apoio de pesquisadores da NeuroVision Imaging, da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization, da Universidade do Sul da Califórnia e da UCLA para chegarem aos resultados divulgados.

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Desenvolvimento

Para o estudo, os pesquisadores realizaram um ensaio clínico em 16 pacientes com Alzheimer que tomaram uma solução que inclui cúrcuma, um componente natural, conhecido também como açafrão, substância dá origem ao Curry, especiaria indiana.

Substância é utilizada para auxiliar na identificação  da condição durante o exame oftalmológico
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Substância é utilizada para auxiliar na identificação da condição durante o exame oftalmológico

A cúrcuma faz com que as placas de beta-amilóide, proteínas encontradas no sistema nervoso que indicam possibilidade da doença, fiquem “acesas” na retina e sejam detectadas pela varredura desenvolvida pelos estudiosos.

Os pacientes foram então comparados a um grupo de indivíduos mais jovens e cognitivamente saudáveis. Dessa foram, os pesquisadores descobriram que seus resultados eram tão precisos quanto os encontrados através de métodos invasivos padrão.

Yosef Koronyo, um associado de pesquisa no Departamento de Neurocirurgia, disse que outro achado importante do novo estudo foi a descoberta de placas de beta-amilóide em regiões periféricas previamente negligenciadas da retina.

Ele afirma que a quantidade de placa na retina correlacionou-se com a quantidade de placa em áreas específicas do cérebro. "Agora, sabemos exatamente onde procurar os sinais da doença o mais cedo possível", completou Koronyo.

Para o Dr. Keith L. Black, presidente do Departamento de Neurocirurgia do Cedars-Sinai, que também liderou o estudo, ressaltou que os resultados oferecem uma expectativa positiva em relação à identificação precoce da condição.

"Nossa esperança é que, eventualmente, a análise de olho em pesquisa seja usada como um dispositivo de triagem para detectar a doença com antecedência suficiente para intervir e mudar o curso da desordem com medicamentos e mudanças de estilo de vida", afirmou Black.

Boa notícia

Mesmo diante de resultados animadores, para que o exame seja utilizado como ferramenta preventiva é preciso novos estudos
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Mesmo diante de resultados animadores, para que o exame seja utilizado como ferramenta preventiva é preciso novos estudos

Os resultados do trabalho foram celebrados em todo o mundo. Segundo David Reynolds, diretor científico da Alzheimer's Research UK, o fato de a pesquisa ser capaz de encontrar mudanças em placas de beta-amilóide usando métodos econômicos e prontamente disponíveis seria um desenvolvimento promissor na busca de novas maneiras de entender seu papel na doença de Alzheimer e identificar aqueles que correm risco de futuramente desencadear a doença.

"Este estudo acrescenta às evidências já existentes que apontam para a possibilidade de detectar essa característica da condição por meio da retina usando equipamentos que já ajudam os oftalmologistas a diagnosticar problemas como glaucoma ou degeneração macular”, defende Reynolds.

"A pesquisa em exames de retina para detectar a doença de Alzheimer é promissora, mas ainda estamos nos estágios iniciais. É importante dizer que o trabalho envolveu um número muito pequeno de pacientes, e não mostrou se essas alterações da retina podem ser detectáveis ​​antes que as pessoas desenvolvam sintomas”, apontou ele.

Por fim, Reynolds declara que é muito cedo para saber se este teste será útil um dia para o diagnóstico de demência, mas ressalta que esta é uma área de pesquisa ativa.

"A Alzheimer Research UK está financiando um projeto para investigar se as varreduras da retina podem fornecer indicações precoces de doença de Alzheimer em pessoas com Síndrome de Down, e precisamos ver mais resultados de estudos como este antes de tirar conclusões mais firmes", conclui.

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