Os protocolos utilizados pelos reumatologistas no tratamento de artrite reumatoide foram atualizados. As novas diretrizes aplicadas aos pacientes com a condição foram apresentadas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) durante o 34º Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Florianópolis, que termina neste sábado (16).
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“O propósito deste documento foi estabelecer diretrizes consensuais para o tratamento da artrite reumatoide no Brasil e embasar os reumatologistas brasileiros. Isso pode ser feito através das evidências obtidas na literatura médica e da experiência de uma comissão de especialistas no assunto, considerando o contexto sócio-econômico brasileiro e mantendo a autonomia do médico na indicação e escolha das alternativas terapêuticas disponíveis”, afirma Georges Christopoulos, presidente da SBR.
De acordo com a nova abordagem de tratamento, um dos pontos que devem ser trabalhados com o paciente é o atendimento multidisciplinar. “Eu sempre digo que o reumatologista, habitualmente, fala para reumatologista e ouve de reumatologista. O grande problema é que as doenças reumáticas são doenças sistêmicas que envolvem vários órgãos, então é importante que haja um intercâmbio. Muitas vezes as doenças reumáticas são diagnosticadas de formas errôneas por outras especialidades por conta da falta dessa troca com médicos de outras áreas”, explicou o presidente do congresso, o médico reumatologista Ivânio Pereira.
Paciente
Além da conversa entre os médicos, o diálogo entre paciente e médico também é de extrema importância, e foi definido como mais um protocolo durante a consulta médica. O especialista deve incluir “orientações sobre hábitos de vida, controle rigoroso das comorbidades e atualização do cartão de vacinas”, conforme divulgou a SBR.
As decisões sobre como deve ser encaminhado o tratamento também foram ressaltadas como fundamentais durante esse processo. É importante que quem vai ao consultório também participe, baseado nas informações e esclarecimentos de seu diagnóstico, para escolher, junto do especialista, a melhor opção terapêutica.
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“As decisões devem ser compartilhadas. Não é que o médico está se isentando, mas ele quer que o paciente participe para que, lá na frente, o paciente não se queixe de que pediu uma coisa e foi trabalhada outra. Então, essa é uma questão cultural que temos que desbravar”, defendeu Lívia Gonçalves, gerente médica autoimune do laboratório farmacêutico Lilly.
A última inclusão no protocolo terapêutico é de que o objetivo do tratamento tenha foco no estado persistente de remissão clínica - quando não há sinais da doença - ou, quando não for possível, na baixa atividade da enfermidade. Para isso, os médicos apresentaram, durante os simpósios e palestras, diversas novidades em procedimentos e técnicas, além de terem promovido discussões sobre o tema.
Sem cura
A artrite reumatoide é uma condição que atinge aproximadamente 2 milhões de brasileiros. Autoimune, inflamatória, sistêmica e crônica, a doença é mais comum entre as mulheres, a incidência aumenta com a idade e o maior pico é entre os 30 e 50 anos. Apesar de não haver cura, o tratamento faz toda a diferença para a qualidade de vida do paciente. Sem ajuda médica, 20 a 30% das pessoas acometidas pela enfermidade podem ficar permanentemente incapazes de realizar suas atividades após três anos do diagnóstico.
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