De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 47 milhões de pessoas sofrem com o Alzheimer em todo o mundo, sendo que a cada ano mais 10 milhões de novos casos são identificados. Conhecida como a forma mais comum de demência, responsável por até 70% dos casos, apesar de ainda não ter cura, a condição pode ter menos impacto quando diagnosticada com antecedência.
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No Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer , celebrado nesta quinta-feira (21), a organização não governamental (ONG) Alzheimer’s Disease International (ADI) - Associação Internacional do Alzheimer , em português - alerta para os sinais que podem aumentar as chances de um diagnóstico precoce.
Segundo a ONG, além de empoderar a pessoa, seus familiares e cuidadores para estarem melhor informados e preparados para lidar com a doença, quanto maior o conhecimento geral da população, maior será também o respeito àqueles que vivem com demência .
Sintomas
Nas fases iniciais, os sintomas da condição podem ser muito sutis. Frequentemente começam por lapsos de memória, dificuldade em encontrar as palavras certas para objetos do dia a dia, desorientação de tempo e espaço, guardar coisas fora de lugar, alterações de humor e isolamento social e do trabalho.
- Falhas de memória frequentes, principalmente em relação a acontecimentos recentes;
- Discurso vago durante as conversas;
- Sem entusiasmo, mesmo para realizar atividades anteriormente apreciadas;
- Leva mais tempo para fazer atividades de rotina;
- Pessoas ou lugares conhecidos passam a ser esquecidos;
- Incapacidade para compreender questões e instruções;
- Deterioração de competências sociais;
- Imprevisibilidade emocional.
Reconhecer esses comportamentos e relatar a um médico pode aumentar a oportunidades de ampliar o estilo de vida mais produtivo por mais tempo. Quanto mais cedo for identificada a condição, maiores são as chances de o paciente participar em pesquisas que podem identificar novos tratamentos e melhora nos cuidados.
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Fatores de risco
Uma característica que pode influenciar no desenvolvimento da demência é a idade, porém, ela não é uma consequência irreversível do envelhecimento. Além disso, pessoas mais novas também podem ser afetadas, com cerca de 9% dos casos sendo de indivíduos com menos de 65 anos.
Pesquisas revelam que é real o vínculo entre a ocorrência de comprometimento cognitivo e fatores de risco relacionados ao estilo de vida, como sedentarismo, dietas não balanceadas, tabagismo, obesidade, consumo excessivo de álcool, diabetes e hipertensão arterial. Depressão, baixo nível educacional, isolamento social e inatividade cognitiva são sintomas importantes, que também podem estar associados ao diagnóstico.
Segundo a Associação Portuguesa dos Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer (Alzheimer Portugal), a doença provoca uma deterioração progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento). Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.
Tratamento
Outra medida que pode influenciar positivamente na maior sobrevida do paciente são o tratamento e assistência adequados. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente o tratamento, por meio do qual é possível aliviar sintomas, além de estabilizar ou retardar a progressão da doença. Assim, o paciente poderá ter autonomia e independência funcional pelo maior tempo possível.
“O apoio de uma equipe interdisciplinar contribui para o manejo de sintomas e melhora a qualidade de vida dos pacientes e familiares”, explica a geriatra do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Luciana Louzada. O esforço é multidsciplinar e envolve, conforme informou a especialista, profissionais como enfermeiros, educadores físicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
De acordo com o Ministério da Saúde, esses serviços são ofertados nos Centros Especializados em Reabilitação, que são pontos de atenção ambulatorial especializados em diagnóstico e tratamento completo para a pessoa com Alzheimer. Para ter acesso, o cidadão deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima ou a Secretaria Municipal de Saúde para informações sobre serviços de referência disponíveis.
O SUS ainda disponibiliza medicamentos capazes de retardar o progresso da doença e minimizar os distúrbios de humor e comportamento. Atualmente, a Rivastigmina é o medicamento incluído na Relação Nacional de Medicamentos para tratamento de Alzheimer.
Em 2015, a Direção Geral de Saúde, em Portugal, lançou um manual com algumas recomendações relacionadas com alimentação saudável e atividade física para a prevenção da doença de Alzheimer.
Entre elas: minimizar a ingestão de gordura saturada e trans; consumir preferencialmente hortícolas, leguminosas, fruta e cereais integrais em vez da predominância excessiva de carne e dos laticínios; consumir a vitamina E preferencialmente dos alimentos em vez de suplementos; fornecer ao organismo as doses de ingestão diárias de vitamina B12 recomendadas; incluir exercícios aeróbicos na rotina, o equivalente a 40 minutos de caminhada rápida pelo menos 3 vezes por semana.
Apoio familiar
“Família, amigos e pessoas que convivem com esses pacientes podem obter informações sobre a doença e como ela evolui para saber como lidar com ele de maneira adequada. Mantê-los inseridos socialmente e continuar oferecendo amor e carinho também é uma forma de ajudar”, orienta Luciana Louzada.
De acordo com o manual do cuidador da pessoa com Alzheimer desenvolvido pelo Núcleo de Estudos do Envelhecimento da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), o cuidador deve ser uma pessoa bem informada sobre a doença de Alzheimer e seu processo de evolução, sobre as decisões da família em relação à pessoa doente e as orientações médicas a respeito do tratamento.
O Ministério da Saúde também elaborou um manual do cuidador, com orientações para profissionais que cuidam de pessoas idosas, com Alzheimer ou não, ou pessoas de qualquer idade, acamadas ou com limitações físicas que necessitam de cuidados especiais.
Dados
Estima-se que o número de pessoas com a doença deve chegar aos 75 milhões até 2030, conforme os dados da ADI. Em 2050, a expectativa é de que a cada segundo um novo caso seja identificado no mundo. Enquanto um tratamento eficaz não é desenvolvido, o conhecimento a respeito do Alzheimer continua sendo uma questão vital.
De acordo com informações do Instituto Alzheimer Brasil, há uma grande variação de prevalência de demência em diversas regiões do mundo: na África, uma prevalência de 2,2%; América do Norte, 6,4%; América do Sul, 7,1% ; Ásia, 5,5% e na Europa, 9%.
O Instituto afirma que não há dados consolidados sobre a incidência no Brasil. Entretanto, encontra-se na literatura que cerca de 1,2 milhão de pessoas sofram com a demência, cerca de 100 mil novos casos por ano.
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*Com informações da Agência Brasil