Pastilha. Ao contrário do ecstasy , que contém mais de 20 substâncias tóxicas, a MDMA é pura
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Pastilha. Ao contrário do ecstasy , que contém mais de 20 substâncias tóxicas, a MDMA é pura

Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros mostrou como drogas psicodélicas podem trazer benefícios para o cérebro humano. Apesar de serem consideradas substâncias “perigosas” e proibidas, a ciência tem cada vez mais explorado os poderes dos alucinógenos como fonte de tratamentos direcionados para o sistema nervoso.

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Com base em análises feitas em organoides celulares, que funcionam como “minicérebros”, foi possível apontar como essas  drogas psicodélicas alteram de maneira positiva circuitos cerebrais relacionados a neuroplasticidade, inflamação e neurodegeneração.

 O trabalho foi publicado nesta segunda-feira (9) na revista científica Scientific Reports. Essa é a primeira vez que um estudo demonstra as alterações causadas por essas drogas no funcionamento molecular do tecido neural humano.

Esse artigo serve como uma das explicações para as conclusões que já foram apontadas em outros estudos sobre os efeitos antidepressivos e anti-inflamatórios que esses elementos químicos podem provocar. Atualmente, terapias para problemas psiquiátricos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e dependência química estão sendo desenvolvidas com o uso dessas substâncias.

Para realizar as avaliações, os pesquisadores utilizaram um composto conhecido como 5-MeO-DMT, presente em drogas como o MDMA, o LSD e o chá de ayahuasca – planta de origem amazônica, utilizada em rituais de povos indígenas capaz de alterar os estados de consciência.

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Os minicérebros foram expostos a uma única dose desse psicodélico. Depois disso, os organoides foram submetidos a uma análise proteômica, que faz um mapeamento das proteínas, onde foram observadas as alterações na expressão de cerca de mil proteínas e puderam identificar o papel delas no cérebro humano.

Benefícios

Entre os efeitos positivos, foi possível constatar que as proteínas essenciais para a formação das sinapses tiveram uma boa regulação, entre elas as que são relacionadas aos mecanismos de aprendizado e memória.

As proteínas associadas a inflamação, degeneração e lesão cerebral tiveram regulação negativa, sugerindo que a substância psicodélica tem um potencial papel de proteção neural.

As descobertas podem influenciar na atenção que o uso dessas drogas psicodélicas, que hoje estão sob restrições legais, para a comunidade médica e científica, conforme informaram os autores do estudo.

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