Cerca de 700 moradores das nove comunidades da Reserva Extrativista do Rio Unini, em Barcelos, no Amazonas, deverão receber a vacina antirrábica humana nos próximos dias. A imunização contra a raiva humana deve ser feita após o registro de duas mortes no Estado.
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A medida foi autorizada pelo Ministério da Saúde em resposta à solicitação da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas. Uma criança e um adolescente da mesma família morreram nos últimos 15 dias vítimas da raiva humana .
Outro adolescente, irmão dos que faleceram, está internado em estado grave com o mesmo diagnóstico. Os três podem ter sido contaminados pelo vírus da raiva após serem mordidos por morcegos .
A Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas enviou na quinta-feira (5) mais 600 doses da vacina antirrábica humana para a Secretaria de Saúde de Barcelos, totalizando 3,1 mil doses desde o início do surto na comunidade.
Segundo levantamento do órgão municipal, 270 pessoas registraram ataques de morcegos nos últimos 12 meses. Estas pessoas já tomaram três doses da vacina e devem receber a última dose até o dia 13 de dezembro.
Para os moradores que não foram mordidos por morcegos, será aplicada uma vacina de pré-exposição. A intenção é garantir 100% de cobertura. Além da imunização dos moradores da região, estão sendo reforçadas as ações de vacinação de animais domésticos, inclusive nas comunidades onde não há casos de agressão por morcegos.
As equipes de saúde enfrentam dificuldades de acesso às comunidades da Reserva Extrativista do Rio Unini. A região só é acessível por meio de barcos, que no período de seca precisam transpor corredeiras e bancos de areia em trajetos de quase 12 horas. As ações têm o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Raiva humana
A doença infecciosa aguda ocorre pelo vírus Lyssavirus, que acomete mamíferos. A raiva humana pode levar a morte e se apresenta com diversos sintomas: mal estar, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia, além de outros.
A transmissão se dá principalmente pela mordida de animais infectados. De acordo com um estudo realizado no ano passado pelo Ministério da Saúde , em cinco anos, cerca de três milhões de pessoas no Brasil – o que representa uma por minuto – foram atacadas por cães, gatos e outros animais, precisando de algum tipo de atendimento que diminuísse o risco de contaminação.
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