Uma técnica de meditação utilizada para redução de estresse, conhecida como “mindfulness” (ou “atenção plena”, como é traduzida em alguns casos), é capaz de aumentar o desempenho e ainda garantir qualidade da saúde mental de estudantes universitários, principalmente durante as provas de final de semestre. A constatação foi publicada na revista científica The Lancet Public Health, baseada em uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge.
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O estudo, que envolveu pouco mais de 600 alunos de Cambridge, concluiu que a introdução de cursos de meditação mindfulness em universidades do Reino Unido poderia ajudar a prevenir doenças mentais e aumentar o bem-estar dos estudantes em um momento de crescente preocupação com a saúde mental nas instituições educacionais.
Entre 2010 e 2015, foi constatado que os serviços de saúde mental das universidades britânicas tiveram um aumento de 50% na demanda de jovens que solicitaram algum tipo de aconselhamento psicológico.
O artigo publicado na revista também apontou que a prevalência de doenças mentais entre os estudantes de primeiro ano é menor do que a população em geral, mas, quando é feita a comparação com os alunos do segundo ano, os níveis superam os dos cidadãos em geral.
"Dadas as crescentes demandas sobre os serviços de saúde mental por parte dos estudantes, queríamos ver se a mindfulness poderia ajudar os alunos a desenvolver estratégias preventivas de enfrentamento aos problemas psicológicos", comentou Géraldine Dufour, um dos autores do relatório e chefe do serviço de aconselhamento de Cambridge.
Ansiedade e depressão
Mindfulness é um método cada vez mais popular de treinamento de atenção e redução de estresse. A técnica mostrou melhorar os sintomas de ansiedade e depressão dos alunos que chegam ao final do semestre muito mais indispostos.
Para realizar a análise, os alunos Cambridge foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos. Ambos receberam acesso aos serviços habituais de apoio e aconselhamento da universidade, bem como aos serviços do Serviço Nacional de Saúde.
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Um dos dois grupos também recebeu o curso de mindfulness, que consistiu em oito sessões semanais, além de práticas domésticas, incluindo meditação, "caminhada consciente" e "comer com atenção".
Os pesquisadores descobriram que os participantes envolvidos com meditação eram um terço menos propensos a atingir o limite considerado como necessário para requisitar suporte à saúde mental .
Mesmo durante o período mais estressante do ano, os níveis de angústia para o grupo de mindfulness ficaram abaixo dos níveis iniciais, conforme medido no início do estudo. Enquanto isso, os alunos sem a técnica se tornaram cada vez mais estressados à medida que o ano letivo foi avançando.
"Este é o estudo mais robusto feito até o momento para avaliar o treinamento de mindfulness para estudantes. Além disso, a pesquisa também respalda estudos anteriores que sugerem que a prática pode melhorar a saúde mental e o bem-estar durante períodos estressantes", disse a líder do estudo, Julieta Galante, do departamento de psiquiatria de Cambridge.
"Estudantes que haviam praticado mindfulness apresentaram pontuações de angústia inferiores aos níveis iniciais, mesmo durante o período de exames, o que sugere que a técnica ajuda a construir a resistência contra o estresse".
O professor Peter Jones, também do departamento de psiquiatria de Cambridge, acrescentou que a evidência de que a técnica pode ajudar as pessoas a lidar com o estresse acumulado está cada vez mais próxima de ser comprovada.
"Embora esses benefícios possam ser semelhantes a outros métodos preventivos, a meditação mindfulness é uma adição útil às intervenções já entregues pelos serviços de aconselhamento universitário. Parece ser popular, viável, aceitável e sem estigma", finalizou ele.
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