A expressão “morrer de tanto trabalhar” pode ser usada com exagero para descrever algumas situações, mas, infelizmente, é possível que uma pessoa vá a óbito por ter seguido uma jornada de trabalho de longas e exaustivas horas seguidas.
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Em algumas profissões, encarar várias horas de trabalho é mais comum, como no caso de jornalistas, pilotos de avião, bombeiros e profissionais da área da saúde. Um exemplo é o caso que aconteceu na cidade de Jinzhong, na China. A vítima foi Zhao Bianxiang, 43, vice-chefe de medicina respiratória no Hospital do Povo Yuci District. A mulher era especialista em doenças respiratórias, e teve um derrame às 12h do dia 29 de dezembro, quando estava de plantão, enquanto atendia um paciente.
A causa da morte foi reconhecida como hemorragia subaracnóidea, um sangramento no espaço entre o cérebro e o tecido que cobre o cérebro, causada pela ruptura de um aneurisma no cérebro, conforme informou a instituição.
De acordo com os relatos da equipe do hospital, o turno de Zhao no hospital teve início às 18h da noite anterior (28), totalizando 18 horas de trabalho sem descanso. Os colegas da médica a descreveram como uma mulher movida à "adrenalina", que sempre colocou sua profissão antes de qualquer outra coisa.
Horas antes do colapso, a especialista teria admitido a seus companheiros de trabalho que questionaram o fato de ela estar há muito tempo trabalhando sem parar porque estava "muito ocupada" para fazer uma pausa.
Mesmo depois dos esforços de resgate para recuperar a vida da médica, ela foi oficialmente declarada morta às 7:16 da manhã do dia 30 de dezembro.
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Perigos para a saúde
Muitos casos de problemas cardiovasculares, como derrames ou infartos, são associados a excesso de trabalho. Além disso, as longas horas dedicadas ao ofício também podem desencadear depressão, que leva ao suicídio em muitos casos.
No Japão, a situação é conhecida e tida como um problema pelo Departamento de Inspeção de Condições de Trabalho Mita, de Tóquio. Em um país onde os casos de mortes por trabalhar demais são comuns, foi criado até uma palavra que representa essa situação: “karoshi”.
Um estudo realizado com 10 mil empresas e divulgado em outubro de 2016 pelo governo japonês, constatou que 20% das companhias reconheceram ter funcionários trabalhando ao menos 80 horas extras em um mês. O relatório ainda reconheceu 93 casos de excesso de trabalho que contribuíram para suicídios ou tentativas de suicídios em 2015, e 96 casos em que estava ligado a mortes por ataques cardíacos, derrames e outras doenças.
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