Um homem chamado Rajendra Yadav foi preso na Índia por estar atuando como médico sem autorização. Além de exercer medicina ilegalmente, ele também é suspeito de ter infectado 33 pessoas com o vírus HIV utilizando seringas e agulhas contaminadas, conforme informou uma autoridade do serviço de saúde do país.
Leia também: 'Vivi 18 anos sem saber que tinha HIV por segredo da minha mãe', conta jovem
O falso médico visitava os pacientes a pé ou de bicicleta, indo de casa em casa, fornecendo medicação, informou disse Sushil Choudhary, chefe do departamento do distrito de Unnao.
Yadav costumava tratar as pessoas de diversas condições por apenas alguns centavos, uma alternativa atraente para a população mais pobre, que sofre com o sistema de saúde sobrecarregado e muito caro da Índia.
As suspeitas por negligência foram levantadas em novembro, quando as autoridades de saúde detectaram um número alarmante de pacientes da mesma área com testes positivos para o HIV , o vírus responsável pela Aids.
"Nós percebemos que muitos casos são provenientes de apenas uma área", disse Choudhary ao canal de televisão CNN. Foi preciso que as autoridades agissem rápido para informar à população de que não recebessem a ajuda de estranhos sem certificados. "Criamos uma tenda para divulgar nossa campanha de conscientização e providenciamos tratamento aos pacientes", afirmou ele.
Os indivíduos infectados afirmam que foram tratados por Yadav e queixaram-se de que ele nunca trocou a agulha antes de dar-lhes injeções em outras pessoas. No entanto, não se sabe ao certo como eles foram infectados. "Não há como confirmar como isso aconteceu. Pode ter sido através de uma agulha infectada que não foi alterada", disse Choudhary.
Detenção
Funcionários da polícia prenderam Yadav na casa de um parente em Bangarmau na quarta-feira (7). Ele será acusado no tribunal por espalhar uma doença perigosa, cometer homicídios culposos e se passar por médico.
"Estamos tentando identificar como as autoridades descobriram que esse é o principal suspeito, como eles sabiam e quem falou sobre ele", explicou Arun Pratap Singh, um policial da Bangarmau. "Estamos investigando o caso para garantir que ele seja responsável".
Leia também: A cada hora, 18 crianças são infectadas pelo vírus HIV no mundo, alerta Unicef
Poucas pessoas na cidade sabiam sobre o caso até as notícias virem à tona. Mohammed Ahmad, um comerciante em Bangarmau, conta que ouviu sobre Yadav pelas notícias locais, mas que se lembra de um amigo, que veio a sua loja há meses, e lhe disse que havia contraído o HIV. "Ele está recebendo tratamento em Kanpur, mas até então ele não sabia como havia conseguido a infecção", disse Ahmad.
Falta de médicos
Para um país com uma população de 1,33 bilhão de pessoas, o sistema de saúde da Índia ainda não consegue atender a demanda de serviços.
Com a falta de cuidados de saúde suficientes, muitos indianos, especialmente aqueles em que vivem em áreas rurais, costumam recorrer a tratamento de médicos não qualificados que cobram uma taxa nominal, como fazia Yadav.
Em 2017, havia um médico por cada 1.596 índianoss, de acordo com o Ministério da Saúde e bem-estar da família. O governo local tem tomado medidas para aumentar a qualidade dos cuidados com a saúde, estabelecendo novas faculdades de medicina e atualizando as existentes.
No início deste mês, o governo anunciou seu plano que se baseia em oferecer cuidados de saúde gratuitos a 500 milhões de pessoas em toda a Índia, mas não forneceu mais detalhes sobre o projeto ambicioso. De acordo com a pesquisa econômica de 2017/2018, a Índia gastou apenas 1,5% de seu PIB em serviços de saúde. O governo pretende aumentar isso para 2,5% até 2025.
Leia também: OMS alerta para aumento da resistência do vírus HIV aos medicamentos