Casos de sarampo aumentam em Roraima, desde que venezuelanos passaram a se deslocar para Boa Vista
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Casos de sarampo aumentam em Roraima, desde que venezuelanos passaram a se deslocar para Boa Vista

O Ministério da Saúde precisou recorrer à Organização Mundial da Saúde (OMS) para solicitar que seja exigido dos venezuelanos vacinação contra sarampo ao entrarem no Brasil. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, entrou em contato com o presidente da OMS, Tedros Adhanom, com um pedido para que o acordo assinado entre os membros da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) seja alterado.

A medida de emergência foi tomada devido ao aumento de casos de sarampo notificados em Roraima desde que imigrantes da Venezuela passaram a se estabelecer no Brasil , no início do ano. “Eu pedi ao doutor Tedros, que é o presidente da OMS, que nos autorize a exigir que todos os venezuelanos que venham para o Brasil sejam vacinados na fronteira porque [essa situação] tem nos causado problemas sérios de saúde no Brasil”, afirmou Barros.

No entanto, o ministro explicou que a decisão depende de um comitê, e não apenas de Tedros. “Nós assinamos um acordo multilateral com todos os países que compõem a Organização Pan-Americana de Saúde. O Brasil é signatário desse acordo que não permite impor a vacina a qualquer cidadão que transite entre os países. É uma situação emergencial e, sendo uma situação emergencial, nós estamos negociando com ele a maneira de resolver esse problema”, declarou o ministro.

Casos

Até o momento, o Brasil já registrou óbitos, 14 casos confirmados e 100 suspeitas de sarampo notificados, a maioria em venezuelanos e três deles em brasileiros, conforme informou Barros. Ele também disse que pretende reforçar a solicitação sobre este tema ao presidente Michel Temer, em encontro nesta quarta-feira (21) no Palácio do Planalto.

Os casos da doença passaram a aumentar em 2018, quando a vinda dos venezuelanos aumentou no país. Só nos primeiros dois meses deste ano, cerca de 25 mil venezuelanos pediram para entrar no Brasil pelo posto da Polícia Federal. Número mais de três vezes maior do que no mesmo período de 2017.

De acordo com a Opas, os países devem redobrar os esforços para vacinar suas populações, fortalecendo a vigilância com o intuito de detectar possíveis pacientes e implementar medidas para responder rapidamente qualquer suspeita.

Em 2016, as Américas haviam recebido do Comitê Internacional de Especialistas a garantia de que o sarampo havia sido erradicado naquela região. Porém, como o vírus é contagioso e continua em circulação em diversos continentes, o risco de um novo surto eminente.

Apenas no início deste ano, nove países relataram casos confirmados de sarampo. São eles: Antígua e Barbuda (1 caso), Brasil (14 casos), Canadá (4 casos), Colômbia (1 caso), Estados Unidos da América (13 casos), Guatemala (1 caso), México (4 casos), Peru (2 casos) e Venezuela (886 casos no total, 159 em 2018), aponta a atualização epidemiológica. As informações são baseadas no último boletim epidemiológico do dia 16 de março.

Vacinação

A agência das Nações Unidas recomendou que os países das Américas vacinem a população para manter uma cobertura homogênea de 95% com a primeira e a segunda dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola em todos os municípios.

No Brasil, a campanha contra o sarampo foi antecipada em Roraima . A ação, que aconteceria em agosto, começou no dia 10 de março e vai até abril. Os 15 municípios do estado receberão as doses.

A imunização é diferenciada para cada faixa etária. Os mais novos, crianças de 6 a 12 meses, estão recebendo doses de tríplice viral, mas essa não contará para a rotina recomendada para a idade.

Já as pessoas entre 1 e 29 anos, o recomendado é que tomem duas doses, uma de tríplice viral logo ao completar 1 ano e uma de tetra viral com 1 ano e 3 meses. Pessoas de 30 a 49 anos que não tiverem sido imunizadas precisam de uma dose de tríplice viral.

Sarampo

O sarampo é uma das doenças mais contagiosas e afeta principalmente as crianças. É transmitida por gotas no ar ou contato direto com secreções do nariz, boca e garganta de indivíduos infectados.

Os sintomas consistem em febre alta, erupção cutânea generalizada em todo o corpo, nariz entupido e olhos avermelhados. Pode causar complicações graves, como cegueira, encefalite, diarreia grave, infecções de ouvido e pneumonia, especialmente em crianças com problemas nutricionais e pacientes imunodeprimidos.

Leia também: “Não é preocupante”, diz ministro da Saúde sobre sarampo em Roraima

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