Mais de 700 pessoas morreram por conta da gripe neste ano; Ministério da Saúde reforça a importância da vacina
Rovena Rosa/Agência Brasil
Mais de 700 pessoas morreram por conta da gripe neste ano; Ministério da Saúde reforça a importância da vacina

O Ministério da Saúde informou que mais de 6 milhões de pessoas que pertencem aos chamados grupos prioritários ainda não receberam a vacina da gripe este ano. As gestantes e as crianças foram os que menos procuraram as unidades de saúde em busca de imunização, com cobertura de 76,4% e 73,6%, respectivamente. Ao todo, 493.710 grávidas e 3,3 milhões de crianças com idade entre 6 meses e 5 anos ainda não receberam a dose.

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No entanto, o último boletim epidemiológico da pasta mostrou que 50,4 milhões de pessoas foram contempladas com a vacina da gripe . Conforme o balanço, em todos esses grupos, esse número já atingiu a meta de imunização, fixada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 90%.

Desse total, 20,2 milhões são idosos; 4,4 milhões, trabalhadores da área da saúde; 2,2 milhões, professores; 358,9 mil, puérperas (até 40 dias de pós-parto) e 643,3 mil, indígenas.

Desde o dia 25 de junho, os municípios que ainda tinham doses da vacina contra a gripe disponíveis estenderam a imunização também para crianças de 5 a 9 anos e para adultos de 50 a 59 anos, conforme recomendação do governo federal. Nesses dois grupos, já foram aplicadas 997.182 doses, sendo 411.474 em crianças e 585.708 em adultos.

Vacina da gripo por regiões e estados

O Sudeste é a região com menor cobertura vacinal contra a gripe até o momento – 84%. Em seguida estão o Norte, com 85%; o Sul, com 90,3%; o Nordeste, com 94%; e o Centro-Oeste, com 99,1%.

Entre as unidades federativas, atingiram a meta de imunização Goiás (106,6%), Ceará (104%), Amapá (100%), Distrito Federal (97,3%), Espírito Santo (96,5%), Pernambuco (95,3%), Tocantins (95,2%), Alagoas (94,1%), Minas Gerais (93,9%), Mato Grosso (93,7%), Maranhão (93,7%), Paraíba (92,8%), Rio Grande do Norte (92,3%), Sergipe (92%), Paraná (92%), Piauí (91,4%) e Mato Grosso do Sul (90,2%).

Os estados com cobertura vacinal mais baixa contra a gripe são Roraima, com 66,7%, e Rio de Janeiro, com 75,6%.

Situação da gripe no Brasil

Até o dia 6 deste mês, foram registrados 4.226 casos de influenza em todo o país, com 745 óbitos. Desse total, 2.538 casos e 495 óbitos foram por H1N1, além de 889 casos e 127 óbitos por H3N2. Além disso, há 317 registros de influenza B, com 44 óbitos e outros 482 notificações de influenza A não subtipado, com 79 óbitos.

Tira-dúvidas

As vacinas influenza disponíveis no Brasil são todas inativadas, ou seja, feitas com vírus morto
Rovena Rosa/Agência Brasil
As vacinas influenza disponíveis no Brasil são todas inativadas, ou seja, feitas com vírus morto


  • Quais vírus do tipo influenza circulam no país neste momento? 

Existem dois grandes tipos de vírus influenza que acometem humanos: A e B que, por sua vez, possuem diversos subtipos.

Segundo Kfouri, os vírus sofrem pequenas variações todos os anos e é essa capacidade de fazer mutações leves que os faz chegar, no ano seguinte, causando uma epidemia. “É como se a população não reconhecesse aquilo como uma doença que já teve e acabe adoecendo novamente”, afirma.

“O Brasil é um país continental e, por essa razão, temos variações em relação aos subtipos de influenza que circulam neste momento. Goiânia, por exemplo, abriu a temporada com predomínio de circulação de H1N1. Já em São Paulo, temos casos confirmados e, inclusive, óbitos relacionados ao H3N2. Há, portanto, dentro de um país tão grande quanto o nosso, variações de regiões onde a epidemia anual pode se dar com mais intensidade por um tipo de vírus ou por outro”, explicou o especialista.

Quais as diferenças entre os dois tipos de vírus e qual pode ser considerado mais grave?
De acordo com o vice-presidente da SBIm, não há diferença clínica ou uma série histórica de infecções mais graves por um tipo de vírus ou por outro. “Isso depende dessa variação que comentamos. Um vírus que muda muito tende a ser muito diferente e a trazer infecções mais sérias porque não encontra uma memória de proteção na população por exposições anteriores.”

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Kfouri ressalta que depende muito do tipo de vírus que vai circular. “Se houver predomínio de um H3N2 ou um H1N1 muito diferente do que vem circulando até então, as chances de encontrar uma população ainda não exposta e fazer doenças mais graves é maior. Isso teremos que acompanhar durante a estação”.

  • Como funcionam as vacinas contra a influenza usadas no Brasil?

As vacinas influenza disponíveis no Brasil são todas inativadas, ou seja, feitas com vírus morto, portanto, sem a capacidade de causar doenças. Até 2014, estavam disponíveis no país apenas as vacinas trivalentes - oferecidas pelo SUS -, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B (linhagem Yamagata ou Victoria).

As novas vacinas quadrivalentes - que podem ser encontradas na rede privada - são licenciadas desde 2015 e contemplam, além dessas três cepas, uma segunda B, contendo em sua composição, as duas linhagens de Influenza B: Victoria e Yamagata. Em 2018, as vacinas trivalente e quadrivalente terão uma nova cepa A/H3N2 (Singapore), que substituirá a cepa A/H3N2 (Hong Kong) presente no ano anterior.

  • Qual vacina será utilizada na campanha deste ano feita pelo Ministério da Saúde?

Em 2018, a vacina utilizada na Campanha de Vacinação contra a Gripe do Ministério da Saúde será a trivalente, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B linhagem Victoria.

  • Este ano, teremos então vacinas tri e quadrivalentes disponíveis no país?

Sim, por alguns anos, deveremos conviver com as duas vacinas. Como ocorreu no passado em que, de acordo com a epidemiologia, vacinas monovalentes foram substituídas por bivalentes que, por sua vez, foram substituídas por trivalentes. A tendência para os próximos anos é a produção apenas de vacinas quadrivalentes.

  • Quem pode tomar a vacina no SUS?

Poderão receber as doses gratuitas idosos a partir de 60 anos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, trabalhadores da saúde, professores das redes pública e privada, povos indígenas, gestantes, puérperas - que estejam no período de até 45 dias após o parto -, pessoas privadas de liberdade e funcionários do sistema prisional.

Pessoas com doenças crônicas e outras condições clínicas especiais também devem receber a dose. Para isso, o indivíduo deve apresentar prescrição médica na hora de receber a proteção. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do SUS não precisam da prescrição e podem procurar os postos de saúde em que estão registrados para receber a vacina.

  • As vacinas influenza podem ser utilizadas na gestação?

Sim, gestantes constituem grupo prioritário para a vacinação , pelo maior risco de desenvolverem complicações e pela transferência de anticorpos ao bebê, protegendo contra a doença nos primeiros meses de vida.

  • Pacientes alérgicos ao ovo de galinha podem receber a vacina? 

Sim, esses pacientes podem receber a vacina influenza. Alergias a ovo, mesmo graves como a anafilaxia, não são mais contraindicação nem precaução.

  • Tomar a vacina dói? Quais as reações adversas esperadas após a aplicação da vacina? 

Os eventos adversos mais frequentes ocorrem no local da aplicação: dor, vermelhidão e endurecimento em 15% a 20% dos vacinados. Essas reações costumam ser leves e desaparecem em até 48 horas.

Manifestações sistêmicas são mais raras, benignas e breves. Febre, mal-estar e dor muscular acometem 1% a 2% dos vacinados de 6 a 12 horas após a vacinação e persistem por um a dois dias, sendo mais comuns na primeira vez em que tomam a vacina.

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Reações anafiláticas da vacina da gripe são extremamente raras. Em caso de sintomas não esperados (febre muito alta, reação exagerada, irritabilidade extrema, sinais de dor abdominal, recusa alimentar e sangue nas fezes, entre outros), é recomendado procurar imediatamente o médico ou serviço de emergência para atendimento e para que sejam descartadas outras causas.

*Com informações da Agência Brasil

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