Em um ano, 483 pessoas morreram de febre amarela, segundo informou o boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (8) pelo Ministério da Saúde. O levantamento indica também que no período de monitoramento, que foi de 1º de julho de 2017 a 30 de junho de 2018, foram confirmados 1.376 casos de febre amarela no país.
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Ao todo, foram investigados, neste período, 7.518 casos de febre amarela de suspeita da doença, sendo que 5.364 foram descartados e 778 continuam em análise.
A pasta ainda informou que, desde maio deste ano, quando foi divulgado o último boletim, houve redução significativa do número de casos da doença no país. No entanto, a vigilância dos casos de febre amarela se manteve junto aos estados, não sendo observados novos surtos.
Diante da atual época do ano, o Ministério da Saúde aproveitou para alertar à população para a chegada do verão, período de maior risco de transmissão da doença. Essa preocupação se dá porque áreas recém-afetadas e com grande contingente populacional, como as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Minas Gerias e São Paulo, ainda apresentam grande quantidade de pessoas não vacinadas, ou seja, sob risco de infecção.
“Cabe ressaltar que esses estados, desde o início deste ano, já são áreas com recomendação da vacina (ACRV). Daí a necessidade de estados e municípios reforçarem as estratégias de intensificação da vigilância e da vacinação em todo o país”, informou a pasta.
Vacina deve diminuir casos de febre amarela
A vacina contra febre amarela é ofertada no Calendário Nacional de Vacinação. De janeiro a outubro deste ano, foram enviados, para todo o país, 29,4 milhões de doses da vacina contra febre amarela .
Todos os estados estão abastecidos. É importante ressaltar que a distribuição de vacinas é realizada mensalmente pelo Ministério da Saúde, de acordo com solicitação realizada pelos estados, que são responsáveis pelo abastecimento dos municípios.
O público-alvo para vacinação é constituído por pessoas a partir de nove meses de idade que residem em área com recomendação de vacinação ou que irão se deslocar para essas áreas.
Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema de dose única da vacina, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde, respaldada em estudos que asseguram que uma dose é suficiente para a proteção por toda a vida.
"É importante frisar também que, atualmente, não estão sendo aplicadas doses fracionadas e sim a padrão", informou a pasta.
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Sintomas e prevenção
A febre amarela é uma doença viral que causa dores no corpo, mal-estar, náuseas, vômitos e, principalmente, febre. Os sintomas duram em média três dias. Em alguns pacientes, o vírus da febre amarela ataca o fígado. São as complicações hepáticas que levam as pessoas infectadas a ficar com uma cor amarelada, daí o nome febre amarela.
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que em torno de 30% das pessoas que contraem a doença podem morrer, se não forem diagnosticadas precocemente.
Caso tenha tais sintomas, a recomendação é a de que o paciente busque imediatamente atendimento adequado nas unidades de saúde. Já a prevenção ocorre principalmente por meio da vacinação.
Desde o fim de março, o Ministério da Saúde ampliou para todo o território nacional a recomendação para a vacina contra febre amarela.
Tire suas dúvidas
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O que é febre amarela?
É uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, provocada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre, quando há transmissão em área rural ou de floresta, e urbano.
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Como a febre amarela é transmitida?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dengue/Arboviroses (SBD-A), a transmissão acontece por meio da picada de insetos, especialmente os mosquitos dos gêneros Aedes - o mesmo que transmite a Dengue, a Chikungunya e Zika – nos ambientes urbanos, e pelos gêneros Haemagogus e Sabethes que são encontrados no ciclo silvestre.
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Qual diferença entre febre amarela silvestre e urbana?
A SBD-A esclarece que o que diferencia as duas formas da doença são o local geográfico e o gênero do mosquito transmissor. No ambiente urbano, o mosquito Aedes aegypti é o responsável pela transmissão da doença ao picar o indivíduo. Já nas regiões de mata, há diversas espécies diferentes de mosquitos responsáveis pela transmissão, sendo os principais os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes . É importante ressaltar que todos os casos registrados desde 1942 no Brasil até o momento foram do tipo silvestre .
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Macacos podem transmitir febre amarela?
Não. Quem transmite a doença são os mosquitos e os macacos também são alvos dos insetos, assim como os humanos.
A SBD-A orienta que a população não mate esses animais, já que o extermínio de primatas não interfere na continuidade do ciclo de transmissão do vírus.
Além disso, a entidade ressalta que quando esses animais são encontrados mortos pela doença, pode-se considerar a ocorrência como um marco da previsibilidade da proximidade da transmissão para seres humanos.
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A vacina é segura?
Sim. Ela estimula a produção de uma reposta imune que constitui a defesa necessária contra a febre amarela com detecção de anticorpos neutralizantes em 90% dos vacinados já no 10º dia e em mais de 99% após 4 semanas da vacinação.
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Qual a diferença entre dose fracionada e dose padrão?
O Ministério da Saúde afirmou que a dose fracionada tem mostrado a mesma proteção que a dose padrão. Segundo a pasta, a única diferença está no volume: a dose padrão tem 0,5 Ml, enquanto a dose fracionada tem 0,1 Ml. É isso que faz com que o tempo de duração da proteção seja diferente.
Por quanto tempo a vacina fracionada protege? E a dose padrão?
A dose padrão protege por toda a vida, enquanto a dose fracionada protege por pelo menos oito anos, segundo estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz
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Quem já tomou a vacina contra a febre amarela deve se vacinar novamente?
Não. Uma dose já é o suficiente para proteger por toda a vida. Mesmo quem tomou uma dose há mais de dez anos e foi orientado a tomar uma dose de reforço depois desse período.
O Ministério da Saúde esclarece que desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Apenas crianças de 9 meses a 5 anos de idade que já receberam a dose devem receber o reforço após os 5 anos.
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Além da vacina, quais outras formas de evitar a febre amarela?
Existem algumas condutas que podem e devem ser adotadas pela população para se proteger, como o uso de repelentes, mosquiteiros e roupas de mangas compridas que são métodos relevantes e eficazes para controlar a proliferação da febre amarela.
Em relação aos repelentes, produtos contendo DEET, Icaridina ou IR3535 oferecem proteção contra picadas de mosquitos incluindo o Aedes aegypti , com eficácia e duração de ação variadas e indicações específicas, o que significa que podem agir na prevenção de casos de febre amarela .