A Embaixada de Cuba no Brasil informou nesta sexta-feira (16) que todos os 8.332 médicos cubanos que atualmente integram o programa Mais Médicos deixarão o País dentro de 40 dias. A medida atende a determinação do regime socialista da ilha, que decidiu nesta semana suspender a parceria com o governo brasileiro devido ao posicionamento do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Apesar da programação informada pela Embaixada cubana e reportada pela TV Globo , o Ministério da Saúde negou que já exista um cronograma definido para a partida dos médicos cubanos no País. Representantes da pasta se reúnem ainda hoje com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), que faz parte da engrenagem do Mais Médicos, para definir detalhes para saída dos estrangeiros e a reposição por profissionais brasileiros.
O governo federal anunciou hoje que brasileiros começarão a assumir as vagas deixadas pelos profissionais estrangeiros ainda neste mês. O edital para seleção deve ser divulgado já no início da próxima semana.
O Ministério da Saúde avalia a possibilidade de convocar profissionais recém-formados com bolsa do Fies (Programa de Financiamento Estudantil) para aumentar o número de brasileiros no Mais Médicos . O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse nesta sexta-feira que levará essa proposta para avaliação de Bolsonaro.
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O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez , comentou hoje a retirada do acordo com o governo brasileiro. "Nossos médicos retornam dignamente a Cuba. Eles são fiéis ao legado do comandante [Fidel Castro]. Os princípios não se negociam, se defendem", afirmou Díaz-Canel em publicação que trouxe ainda a hashtag 'fazemos Cuba porque somos Cuba'.
A decisão do regime socialista cubano de abandonar a parceria com o Brasil se deu após críticas do futuro presidente. Bolsonaro queria cortar o repasse de recursos ao governo cubano (que abocanha parte do salário dos médicos) e exigir "comprovação" da capacidade dos médicos formados na ilha.
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Os profissionais cubanos que atuam no Brasil são dispensados de realizar o Revalida, o exame nacional para médicos formados no exterior serem habilitados a atuar no País. O termo está previsto desde o lançamento do Mais Médicos, pelo governo Dilma Rousseff (PT), em 2013, e foi julgado, no ano passado, constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Temendo "iminentes e irreparáveis prejuízos à saúde da população", prefeitos e secretários municipais de Saúde de todo o Brasil assinaram carta conjunta para cobrar a "revisão do posicionamento" de Jair Bolsonaro a respeito da participação dos médicos cubanos no programa. Segundo as administrações municipais, mais de 29 milhões de brasileiros podem ficar sem acesso a atendimento de Saúde por conta da saída dos profissionais de Cuba.