Inventado nos anos 60 por Herbert A. Gilbert, com o intuito de combater o tabagismo, o cigarro eletrônico foi, durante décadas, um importante aliado para as pessoas na luta contra o cigarro. Nos últimos anos, no entanto, o produto ganhou nova roupagem, novas estratégias de marketing e novos sabores, passando a atingir um novo público: os adolescentes.
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De acordo com uma pesquisa lançada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 75% dos adolescentes do ensino médio admitiram que já fizeramde algums tipo de cigarro eletrônico
entre os anos de 2017 e 2018. Entre os alunos do ensino fundamental, o número atinge quase 50%.
Mais modernos, os cigarros eletrônicos de hoje em dia tem visual compacto e são recarregados com cartuchos (pods) que contém uma mistura de um líquido saborizado com uma quantidade de nicotina.
De acordo com o Dr.Jerome Adams, que ocupa o cargo de chefe do Corpo de Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, alerta que o prinicpal problema é muito mais cultural do que de saúde. “Nossa juventude entende que os cigarros não são legais e não são seguros. No entanto, eles acham que os cigarros eletrônicos são legais e seguros”, explicou o médico em entrevista ao canal de televisão CNN.
“Estudos mostram que adoslescentes de 14 anos não fazem a mínima ideia das substâncias contidas nesses produtos”, completou Adams.
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Assim como cigarros normais, a grande maioria dos cigarros eletrônicos contém nicotina. A marca Juul
domina o mercado dos vapes, como também são conhecidos os cigarros eletrônicos nos Estados Unidos. Eles vendem 72% dos e-cigs no país, de acordo com uma pesquisa do Instituto Nielsen. A empresa é avaliada pelos investidores em U$ 16 milhões.
De acordo com a Agência Federal de Comidas e Drogas dos Estados Unidos (FDA), um cartucho típico de Juul tem a mesma quantidade de nicotina que 20 maços de cigarro.
De acordo com o Dr.Adams, não existe problema com a fabricação e venda de cigarros eletrônicos, principalmente para aqueles que querem parar de fumar , no entanto a estratégia de marketing de empresas como a Juul, aliada a composições químicas que priorizam a nicotina, estão tornando crianças cada vez mais jovens viciadas.
“O principal motivo que ouvidos dos jovens que fazem uso dos cigarros eletrônicos é o fato deles virem em diferentes sabores”, explicou. Nas propagandas da marca, o destaque vai para os sabores mais doces como manga, creme e menta em peças coloridas e protagonizadas por jovens.
Nas produções paralelas e ilegais, o produto vai ainda mais longe: sabores como algodão doce, donut e manteiga de amendoim são frequentes. Outros produtores ilegais apostam em utilizar, sem autorização, personagens de programas infantis como Pokemon.
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Também a CNN, a executiva da Juul Ashley Gould afirmou que a empresa ficou “surpresa” ao saber que menores estavam fazendo uso da marca. “Nosso produto é destinado à adultos que estão tentando largar o cigarro”, disse.
No entanto, a FDA não se conveceu, e anunciou que investigaria a empresa por suas práticas de marketing em abril. Além disso, a agência prometeu rever as regras de produção de cigarros eletrônicos no território norte-americano.
O Brasil proibiu a fabricação e a importação do cigarro eletrônico no ano de 2009. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto entraram no debate público pela primeira vez no País.