Luiz Henrique Mandetta foi o escolhido do presidente Jair Bolsonaro para o ministério da Saúde
Rafael Carvalho/Governo de Transição
Luiz Henrique Mandetta foi o escolhido do presidente Jair Bolsonaro para o ministério da Saúde

O ortopedista e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM) assumiu  o comando do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (2). Na cerimônia em que recebeu o cargo de Gilberto Occhi, responsável pela pasta no governo de Michel Temer, o ministro apresentou algumas de suas diretrizes para a Saúde.

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De acordo com o ministro, o seu principal objetivo é fazer uma reestruturação na saúde básica do País. "Queremos e vamos cumprir um desafio constitucional. Saúde é um direito de todos e dever do Estado. Não tem retrocesso, não tem volta da nossa máxima constitucional", afirmou Mandetta .

O novo ministro da Saúde surpreendeu ao dizer que a pasta teria um orçamento "muito grande" e que pretende fazer cortes necessários. "Cada centavo economizado por esse ministério tem que ir para objeto fim, que é a assistência. Não dá para gastar dinheiro sem saber", ponderou o ministro. "é muito fácil esquecer que R$ 1 mil é muito dinheiro", completou.

Uma das principais propostas do novo ministro seria implantar um terceiro turno de atendimento, com horário estendido, em unidades de saúde que atualmente abrem das 7h às 11h e das 13h às 17h. 

“A mulher trabalhadora e o homem trabalhador, muitas vezes, saem de casa antes das 7h e voltam depois das 18h. Ou seja, a unidade básica de saúde, para eles, fica praticamente inalcançável”, disse Mandetta.

Outro dos seus principais focos nos primeiros meses de trabalho será dar um "choque de gestão" nos hospitais federais, com foco no Rio de Janeiro. Mandetta afirmou que deve se reunir com os secretários estadual e municipal do Rio de Janeiro já nesta quinta-feira (3).

"Vamos construir alguns conceitos coletivos de compra para a redução de custo, dando transparência ao acesso", disse o novo ministro da Saúde.

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A última medida urgente, de acordo com o ministro, será o envio de profissionais especializados para combater a crise de sarampo em Roraima. “Essa entrada de venezuelanos, desregrada como foi, trouxe à tona um surto de sarampo em Roraima que se se estendeu à região amazônica e que está se estendendo pelo país porque a nossa vacinação é muito baixa”, disse. 

 O ministro também disse que pretende reformular a gestão de informações da saúde pública brasileira."Quem não tem informação não pode gerir", disse o ministro, que também afirmou contar com um sistema privado de saúde "forte e solidário".

Sobre a crise do Mais Médicos , Mandetta disse que pretende rever as regras do programa, mas foi categórico ao afirmar que não vai convocar os médicos formados com auxilio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para ocupar as vagas deixadas pelos profissionais cubanos. "Nós vamos ter que trabalhar com políticas que induzem as pessoas a quererem trabalhar no nosso Sistema Único de Saúde (SUS)", explicou.

Outra área que deve passar por mudanças com o novo ministro é a saúde indigena. De acordo com Mandetta, a Secretaria Nacional de Saúde Indígena faz repasses à ONGs para que eles cheguem à população indígena. “Não nos parece a maneira mais adequada para controle, nem a maneira adequada de estruturar uma política permanente de saúde indígena”, ponderou.

Ao final de seu discurso, Luiz Henrique Mandetta rasgou elogiou a Jair Bolsonaro e se mostrou alinhado com as políticas do presidente. "Não se chega a um cargo de tamanha responsabilidade, primeiro, sem ter compromisso muito grande com a família, a fé, o País e a noção de pátria", afirmou o ex-deputado.

Quem é Luiz Henrique Mandetta?

Médico ortopedista, Luiz Henrique Mandetta cumpriu dois mandatos como deputado federal
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Médico ortopedista, Luiz Henrique Mandetta cumpriu dois mandatos como deputado federal

Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) tem 54 anos e se elegeu deputado federal pela primeira vez  no pleito de 2010, conseguiu a reeleição em 2014, mas não se candidatou novamente nas eleições de 2018.

Médico formado pela Universidade Gama Filho, Mandetta entrou para a política quando foi nomeado secretário da Saúde da prefeitura de Campo Grande (MS)no ano de 2005. Ele ficou na posição até 2010.

Especializado em Ortopedia pelo serviço de Ortopedia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e em Ortopedia Infantil pelo Scottish Rite Hospital for Children, em Atlanta, Georgia, nos Estados Unidos, o novo ministro atuou como médico militar, no Hospital Geral do Exército e trabalhou ainda na Santa Casa de Campo Grande nos anos 90.

A confirmação de Mandetta  veio mesmo após a repercussão negativa de seu nome já que Bolsonaro foi eleito com um forte discurso anti-corrupção e o ministro da Saúde é investigado por uma suposta fraude em licitação, tráfico de influência e prática de caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, justamente durante o período em que foi secretário da pasta na capital sul-matogrossense.

O ex-deputado chegou a ter os bens bloqueados em uma ação civil pública relativa às investigações de seu caso. Em entrevistas aos jornais  O Globo  e  Folha de S. Paulo ,  Mandetta negou qualquer irregularidade na aquisição e instalação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa) e disse que explicou o caso pessoalmente a Bolsonaro. 

"O projeto sofreu uma ruptura por parte da prefeitura que entrou em 2013. Foram demitidos todos os técnicos, o projeto ficou sem condições de dar continuidade por interrupção administrativa, renovaram convênio e não renovaram o contrato", explicou Mandetta, que admitiu se sentir "desconfortável" com a situação.

O ex-deputado já era um dos favoritos do então candidato Jair Bolsonaro para assumir a pasta da Saúde desde o início da campanha presidencial. Ele foi anunciado oficialmente pelo presidente no dia 20 de novembro, tendo sido o nono ministro a ser apontado oficialmente pelo governo.

"Com o apoio da grande maioria dos profissionais de saúde do Brasil, anuncio como futuro Ministro da Saúde, o Doutor Luiz Henrique Mandetta", escreveu o o capitão reformado na data do anúncio.

De acordo com Bolsonaro, Mandetta respeita o "perfil" técnico que uma pasta como a Saúde pede. Sobre as investigações, o então presidente eleito minimizou as acusações e defendeu o escolhido, mas admitiu que poderia trocar de nomes em caso de avanço do processo. "Ele (Mandetta) não é nem réu ainda. O que está acertado entre nós é que qualquer um que tenha uma denúncia ou acusação robusta não fará parte do nosso governo", 

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