Além do neuroma de morton e da fascite plantar , outro problema pode atingir a região dos pés: a síndrome do túnel do tarso. “É a compressão do nervo tibial posterior dentro do túnel fibroso, que percorre a panturrilha até a face plantar do pé e cruza o tornozelo”, diz Ricardo Nahas, ortopedista e traumatologista do Centro de Medicina do Esporte do Hospital 9 de Julho.
A síndrome do túnel do tarso pode ser causada por vários fatores. “Isso vai desde um calçado inadequado, fraturas e entorses do tornozelo até algumas doenças sistêmicas que, causadas pelo edema de membros inferiores, podem comprimir o nervo tibial posterior e causar dor”, explica o profissional.
As pessoas que estão mais propensas a desenvolvê-la são as que possuem outras patologias e também as que usam sapatos apertados. “Aquelas que se mantêm um período muito prolongado em pé também estão dentro do quadro de risco”, pontua Marco Otani, ortopedista do Centro de Qualidade de Vida (CQV).
Além disso, os corredores de longa distância, os que correm em pisos irregulares, obesos e pessoas que usam muito sapato de salto alto que comprimem os pés estão entre os indivíduos que podem ser afetados. Doenças sistêmicas, como diabetes e a osteoartrose no tornozelo, também pode contribuir.
Quais são os sintomas da síndrome do túnel do tarso?
Otani explica que os principais sintomas são as dores, principalmente no arco do pé e também no calcanhar, além de alterações de sensibilidade, como formigamento e redução de sensibilidade ao toque leve e temperatura. “Nos casos mais graves, pode até mesmo ocorrer uma atrofia e fraqueza do pé”, explica.
Leia também: Saiba o que é a síndrome do túnel do carpo, como tratar e prevenir a condição
Normalmente, as dores ficam ainda piores após um esforço ou longos períodos em pé, como também na caminhada e na corrida. “As pessoas devem procurar um médico logo que constatarem esses primeiros sintomas para que o ortopedista possa sondar a região, fazer uma avaliação e um diagnóstico mais preciso”, aponta Otani.
Você viu?
É importante destacar que, quanto mais precoce for feito o diagnóstico e tratamento, maior a chance de sucesso. “Os sintomas recorrentes e persistentes merecem investigação médica, para melhor avaliação. Porém, em caso de traumas, entorses e fraturas, o médico deve ser prontamente procurado”, reforça Nahas.
Inicialmente, o diagnóstico é feito por meio de uma análise clínica do médico especialista. Depois, pode ser complementado com exames de imagem. “Tipo ressonância nuclear magnética, que pode ser utilizada tanto para possibilitar a localização exata da compressão, como também para a identificação de possíveis lesões subjacentes, além da análise da parte neurológica, por meio do eletroneuromiografia”, diz Otani.
Formas de prevenir a síndrome
Sobre as maneiras de prevenção, Otani cita que as pessoas não devem amarrar os sapatos de uma maneira que fiquem muito justos para evitar a compressão do túnel do tarso. Outras dicas são usar palmilhas sob medida e realizar o aquecimento adequado antes de realizar as atividades físicas.
Durante a realização dos exercícios, é fundamental que as pessoas se protejam e usem protetores, como é o caso das tornozeleiras. “Além disso, o uso de calçados adequados e evitar o sobrepeso, tanto corporal quanto de mochilas na prática de longas caminhadas, são fatores que ajudam”, alerta Nahas.
Tratamentos adequados
Se for diagnosticado com a síndrome do túnel do tarso, o tratamento inicial pode ser feito por meio de medicamentos antiinflamatórios e injeções tópicas que são aplicadas pelo médico. Dependendo dos sintomas, o tratamento também pode ser feito pelo uso de tornozeleiras e palmilhas específicas.
Caso essas medidas não funcionem, o paciente poderá passar pelo tratamento cirúrgico. “É algo que não pode demorar a ser realizado, já que isso pode ocasionar um dano irreversível ao nervo”, alerta Otani.
Leia também: Sete dores que você não deve ignorar
“Na cirurgia, é feito um procedimento para liberar o nervo da compressão ao nível do túnel do tarso. Em casos de alterações estruturais no pé afetado, pode-se avaliar a possibilidade de correção da deformidade pré-existente”, finaliza o profissional sobre a síndrome do túnel do tarso
.