Usar sutiã com bojo não aumenta os riscos de câncer de mama . Esquentar alimentos no microondas também não. Não existe relação direta entre pessoas rancorosas e tumores. A falta de informação sobre esses e outros mitos, ainda muito difundidos, pode prejudicar diagnósticos e deixar mais difícil a vida de quem convive com a doença.
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A campanha Outubro Rosa
ajudou a difundir informação de qualidade sobre o câncer nos últimos anos, mas ainda existem lacunas. Também vivemos um momento em que existem muitas notícias falsas circulando, o que é um problema enorme para nós”, comenta Marjorie Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.
A empresa, em parceria com o Ibope, aproveitou o gancho da campanha que começa mês que vem para uma pesquisa que investigou a visão do brasileiro sobre o paciente e o próprio câncer de mama. O estudo entrevistou 2 mil pessoas, de diferentes capitais brasileiras, por meio de uma plataforma online.
Entre os resultados, que exploram pontos fundamentais como exames preventivos e a inserção no mercado de trabalho, alguns resultados chamam mais atenção: a crença em mitos sobre a doença - suas causas, prevenção e cura - ainda é muito forte no país.
De acordo com o estudo, 9% das pessoas têm convicção que o uso de sutiã com sustentação de bojo pode causar o câncer de mama . O dado se destaca quando somado à porcentagem de pessoas (homens e mulheres) que não souberam responder sobre o assunto: 39%. Já 32% dos brasileiros acreditam que esquentar alimentos no microondas pode causar a doença, número somado aos outros 30% que afirmam “não saber”.
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A informação mais alarmante, porém, refere-se ao diagnóstico: quase 80% dos brasileiros e brasileiras afirmam que o autoexame das mamas é a melhor forma de detectar o câncer precocemente. Na verdade, a mamografia - que deve ser realizada anualmente por mulheres acima dos 40 anos - é a melhor forma de detectar o câncer em estágio inicial, independente dos fatores de risco.
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“O autoexame também tem um papel muito importante no autocuidado das mamas, mas quando o tumor é percebido pelo tato, ele não está mais no início”, explica a oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio-Libanês. Por isso, é fundamental desfazer a crença de que o exame de mamografia só deve ser feito caso a mulher encontre qualquer anormalidade na mama.
Outro resultado que reforça alguns estigmas da doença está na crença de 33% de brasileiros que acreditam que um câncer de mama aparece “porque a mulher não fez os exames que deveriam ter feitos”. Esse resultado, além de associar a doença ao comportamento da própria mulher e reforçar uma visão de culpa sobre ela, aponta o desconhecimento sobre a progressão da doença.
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“Existem tumores que passam anos ali, sem progredir ou chamar atenção até a vida idosa. Por outro lado existem tipos extremamente agressivos que surgem em mulheres jovens, por vezes entre um exame e outro, e evolui muito rapidamente”, explica a oncologista do hospital Sírio Libanês, Marina Sahade.
A profissional de saúde ainda reforça que existem diversos tipos de câncer de mama com comportamentos muito diferentes e tratamentos específicos para cada um deles. “Embora a prevenção e o diagnóstico precoce sejam fundamentais para o tratamento de todos eles, um caso não deve ser julgado a partir do outro”, diz.
Outubro Rosa: atividades para o conhecimento e lazer durante o mês de prevenção
Para contribuir com a desmistificação da doença de uma maneira leve e tranquila, o movimento Coletivo Pink - união entre diferentes entidades que ajudam na luta contra a doença - promove ações sobre o câncer de mama durante todo o mês de outubro.
Este ano, as ações acontecem na Casa das Rosas, na Avenida Paulista, e ajudam a quebrar mitos. Oficinas de bordado, escrita criativa, yoga e outras atividades voltadas às pessoas que convivem ou conviveram com o câncer de mama estão previstas no espaço, assim como exposições e projetos artísticos.
O projeto segue gratuitamente de terça-feira a domingo, a partir do dia 1 de outubro, das 10h às 22h (ou até as 18h nos domingos).