SÃO PAULO — Todos pacientes com suspeita de contaminação por coronavírus no estado de São Paulo têm sido encaminhados de volta para suas casas depois de coleta de material para detecção do vírus , seguindo recomendação do Ministério da Saúde.
O protocolo de isolamento em hospitais, no entanto, é a recomendação primária da Organização Mundial de Saúde (OMS) em casos como do novo coronavírus . Isso só não acontece, segundo a própria OMS, quando há, por exemplo, falta de estrutura dos hospitais no país.
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Especialistas divergem sobre a adequação do protocolo adotado no Brasil, que contraria a recomendação da organização de saúde.
— O ideal seria a hospitalização. Mas como são pacientes jovens e sem outras doenças, considera-se que mantê-los em casa, mesmo com a suspeita do vírus, representa um risco baixo para eles e os demais. É uma situação delicada, porque o vírus é novo e sabemos pouco sobre ele — afirma Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
A OMS declarou nesta quinta-feira o surto de coronavírus, que já matou 171 pessoas no mundo, uma emergência de saúde global. Em recomendação publicada em 20 de janeiro, a organização declara que “em face dos conhecimentos limitados acerca da doença causada pela infecção de 2019-nCoV e de seus padrões de transmissão, a OMS recomenda que casos suspeitos de infecção sejam isolados e monitorados em ambiente hospitalar”.
Este isolamento, segundo a OMS, é o protocolo recomendado e garantiria a segurança da saúde pública e a qualidade do tratamento dos pacientes em caso de piora de sintomas.
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Caso o isolamento hospitalar não seja possível — em situações em que o hospital não tenha estrutura para isolar o paciente ou o mesmo se recuse a ficar isolado em um hospital, por exemplo -— a entidade recomenda que pacientes com sintomas leves ou em processo de remissão de sintomas possam ser tratados em casa.
Saúde instruiu normas
A organização indica, no entanto, uma série de recomendações para o isolamento domiciliar. O paciente deve ter comunicação direta com a equipe médica até a recuperação total, idealmente através de visitas pessoalmente e com regularidade.
Além disso, todos os membros da casa e o paciente devem receber orientações sobre prevenção e controle de infecções, restrição de visitas externas e uso de máscaras e luvas.
— O isolamento hospitalar é mais prático. Nesse momento de contenção máxima de propagação do vírus em que estamos, deixar um paciente isolado em casa demanda mais esforços e recursos médicos para garantir que ele e sua família recebam a assistência adequada do que demandariam num hospital — afirma Nancy Bellei, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A docente, no entanto, aponta uma vantagem:
— Por outro lado, diminuem-se os riscos de que o paciente contamine outras pessoas ou adquira outras infecções no ambiente hospitalar.
O Ministério da Saúde brasileiro determinou, em boletim epidemiológico sobre o vírus, que apenas casos graves sejam encaminhados para isolamento em hospitais de referência. ”Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde (APS) e instituídas medidas de precaução domiciliar”, instrui o órgão.
— Fazendo a precaução domiciliar, você expõe menos pessoas ao vírus. Lido frequentemente com infecções hospitalares e, num caso assim, com certeza preferiria estar em casa. Pra quê expor o paciente a um ambiente hospitalar desnecessariamente? — defende Rosana Richtmann, médica infectologista que compõe o Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Para a infectologista, cada país pode ter condições específicas que exijam adaptações:
— Não tem certo ou errado. A OMS não determina, apenas recomenda. Mas as recomendações podem ser adaptadas para a realidade de cada país.
Em nota, a Secretaria de Saúde de São Paulo esclareceu que segue orientações da OMS e o isolamento domiciliar com restrição de contato externo pode ser adotado quando o paciente suspeito apresenta condições clínicas estáveis e não há indicação médica para manter a internação.
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Também afirmou que todas as famílias envolvidas têm recebido orientações adequadas e os pacientes suspeitos, no Estado de São Paulo, “estão sendo constantemente monitorados pelos serviços de saúde”.