O Brasil enfrenta uma fase de crescimento exponencial do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Já classificada como uma pandemia - surto que atinge todos os continentes com alto número de contágios e mortes - a enfermidade possui protocolos específicos para tentar frear o avanço mundial e ainda deixa muitas dúvidas sobre o que pode acontecer com quem fica doente.
Para entender a doença e ajudar na propagação de informações corretas sobre o tema, o iG conversou com o infectologista David Uip, coordenador do comitê de enfrentamento ao Covid-19 em Sâo Paulo.
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O que eu sentiria se estivesse doente?
De acordo com David Uip, um dos fatores que contribuem para o rápido contágio do coronavírus é o fato de que, muitas vezes, a doença causada por ele é assintomática. Ou seja: pessoas que acreditam estar saudáveis seguem infectando quem está próximo.
“Uma pessoa jovem e fora do grupo de risco pode sentir desde absolutamente nada até os sintomas de uma doença respiratória comum, como febre e falta de ar”, explica o profissional.
O contágio ocorre a partir de pessoas infectadas. A doença pode se espalhar desde que alguém esteja a menos de 2 metros de distância de uma pessoa com a doença. A transmissão pode ocorrer por gotículas de saliva, espirro, tosse ou catarro, que podem ser repassados por toque ou aperto de mão, objetos ou superfícies contaminadas pelo infectado.
Em uma publicação nas redes sociais, a blogueira Gabriela Pugliesi, que é um caso confirmado da doença no Brasil, explicou o que sentia: “Acordei com muitos calafrios, o pijama encharcado de suor e vi que estava com febre. Agora estou com muitas dores no corpo”, disse. Gabriela, assim como os demais pacientes sem sintomas graves, segue em isolamento domiciliar .
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas do covid-19 são:
- Febre
- Tosse
- Dor de garganta
- Coriza
- Falta de ar ou respiração curta
- Diarréia
Onde posso fazer o exame?
Caso você identifique dois ou mais sintomas que se encaixam na suspeita do covid-19, é importante fazer o exame para ajudar a conter o avanço da doença no país. De acordo com o Ministério da Saúde, pacientes com sintomas leves devem buscar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 42 mil postos de saúde espalhados pelo país são capazes de atender 90% dos casos de coronavírus. Estudos indicam que a grande maioria dos casos de Covid-19 são mais leves e poderiam ser atendidos nesse nível de atenção.
Na UBS, são distribuídos kits de proteção com luvas e máscara para que o paciente aguarde o atendimento em uma sala isolada dos demais. Nas cidades em que já existe a transmissão comunitária - na qual não é possível rastrear a origem do vírus - apenas o exame clínico é suficiente para o diagnóstico. Nas demais, há o encaminhamento para exame laboratorial. Por enquanto, apenas São Paulo e Rio de Janeiro possuem transmissão comunitária.
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O teste também será coberto para os beneficiários de planos de saúde com segmentação ambulatorial, hospitalar ou referência e será feito nos casos em que houver indicação médica, de acordo com o protocolo e as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde.
Os beneficiários devem consultar as operadoras de planos de saúde para se informarem sobre os locais adequados para a realização do exame e esclarecerem dúvidas sobre o diagnóstico ou tratamento da doença.
Como é o tratamento?
Como ainda não existe um medicamento específico e aprovado contra a doença, o tratamento consiste no combate aos sintomas. No caso dos pacientes leves, o protocolo mais importante é o isolamento domiciliar: contato com a menor quantidade de pessoas, além do extremo cuidado com a higiene dos objetos pessoais, que não devem ser compartilhados.
Para controlar os sintomas, é possível que o médico receite antitérmicos - para a febre - e analgésicos, mas é fundamental que o paciente não tome remédios por conta própria, uma vez que ainda existem poucas informações sobre medicamentos que podem ser prejudiciais.
Já os casos mais graves devem ser hospitalizados. Em geral, são enquadrados como casos graves os pacientes que já sofrem de outras comorbidades - como doentes crônicos - e apresentam muita dificuldades para respirar, principal sintoma da pneumonia. As visitas são altamente restritas por recomendação da Organização Mundial de Saúde e os pacientes podem precisar do auxílio de respiração mecânica.
Em alguns países, já é autorizado o uso de remédios em fase de testes para doentes em estágio gravíssimos do C ovid-19 . No Brasil, porém, o procedimento não é permitido.