Por se tratar de uma doença nova, é natural que surjam algumas questões pouco explicadas sobre o novo coronavírus (Sars-Cov-2). Uma delas, é a transmissibilidade. Afinal, assintomáticos transmitem ou não o vírus? É bom reforçar que há diferença entre o paciente assintomático e o pré-sintomático .
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Segundo Melissa Valentini, infectologista e assessora médica do Grupo Pardini, "o paciente assintomático é aquele que tem algum exame positivo para a Covid-19 e não apresenta nenhum sintoma." O pré-sintomático, por sua vez, adquiriu o vírus mas ainda não manifestou os sintomas, uma vez que o Sars-Cov-2 tem um período de incubação, que pode levar de dois a cinco dias.
"O papel dessas pessoas como transmissoras do vírus ainda é pouco conhecido. Além disso, não sabemos qual percentual das pessoas vai estar na faixa dos assintomáticos. O primeiro estudo que abordou a questão foi o de um surto em um navio, bem no início da epidemia, no qual 17% dos pacientes com o exame de PCR positivo não tinham sintoma nenhum. Outros estudos mostram que o percentual de assintomáticos seria até maior, cerca de 50% dos infectados", explica.
A questão é tão pouco conhecida que a infectologista Maria Van Kerkhove – responsável técnica pelo combate à covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que há estimativas de que o número gire entre 6% a 41% da população. No entanto, ela reforçou que estas pessoas transmitem, sim, "a questão é saber o quanto."
De acordo com Melissa Valentini, não é possível prever quais pessoas terão o vírus sem apresentar sintomas.
"Para o paciente saber se já teve a Covid-19 de forma assintomática, é necessário realizar um teste de sorologia , isto é, um exame de detecção de imunoglobulina (igG) no sangue. Se o indicador for positivo, há uma grande chance da pessoa ter tido contato com o vírus e ter sido assintomática", disse.
A médica reforça, porém, que existem diversos tipos de testes de sorologia no mercado, " Os testes rápidos têm uma acurácia menor, pois apresentam maior incidência de 'falsos positivos', não excluindo a possibilidade de não haver ainda imunidade para o vírus", esclarece. "Já os testes de laboratórios convencionais são mais robustos e tem uma resposta melhor", continua.
Segundo ela, devido à dificuldade de identificar os pré-sintomáticos e os assintomáticos em todas as situações, o uso disseminado das máscaras se torna ainda mais essencial.
"A recomendação é que todo mundo use máscara porque eu não sei se eu estou pré-sintomático ou se eu sou um portador assintomático. Todo mundo usando máscara, a gente diminui muito a circulação do vírus no ambiente", conclui a infectologista.