Primeira morte no Brasil por Covid-19 foi registrada em São Paulo
Roberto Moreyra / Agência O Globo
Primeira morte no Brasil por Covid-19 foi registrada em São Paulo

A primeira morte por Covid-19 no Brasil ocorreu em 12 de março, antes da data anunciada até então como o início dos óbitos, em 15 de março. A vítima é uma mulher de 57 anos que foi internada em um hospital público de São Paulo, mas não resistiu. A informação é do Ministério da Saúde. O dado, segundo a pasta, será atualizado no próximo boletim epidemiológico semanal.

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A nova informação obtida pelo GLOBO reposiciona a trajetória da mortalidade no país pela doença. O primeiro óbito notificado às autoridades no Brasil tinha sido informado como tendo ocorrido em 16 de março e fora divulgado no dia seguinte. Informações mais recentes mostraram, entretanto, que havia ocorrido uma morte em 15 de março. Agora, com o novo dado, sabe-se que a Covid-19 passou a matar no país ainda na primeira quinzena daquele mês.

A primeira morte por Covid-19 no Brasil com confirmação laboratorial, agora, passa a ser de uma paciente que deu entrada no Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, em São Paulo, no dia 11 de março. No dia seguinte, ela morreu, ainda segundo dados do Ministério da Saúde.

A segunda morte no país ocorreu em 15 de março. No dia 16 de março, mais três mortes ocorreram no estado de São Paulo. No dia 17 de março, houve dois óbitos em São Paulo e dois no Rio de Janeiro.

Essas mortes são incluídas, ao longo do tempo, no Sistema de Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que é o banco de dados oficial de registro de casos hospitalizados e óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), explica o Ministério da Saúde. A partir dele, é possível extrair a data da ocorrência do óbito.

"O Ministério da Saúde informa que o primeiro óbito confirmado laboratorialmente por COVID-19 no Brasil ocorreu no estado de São Paulo, no dia 12/03/2020, numa paciente do sexo feminino, com 57 anos, que deu entrada no Hospital Municipal Dr Carmino Caricchio no dia 11/03. E o segundo óbito ocorreu no dia 15/03. Ressalta-se que, no próximo Boletim Epidemiológico será feita a correção", informou o Ministério da Saúde em nota após questionamentos do GLOBO.

A pasta destaca ainda a diferença entre os óbitos incluídos diariamente nos boletins de atualização, que considera a data da notificação da morte, feita pelos estados e municípios ao Ministério da Saúde. Quando esses mesmos dados são inseridos no Sivep-Gripe, é possível identificar a data de ocorrência dos óbitos -- e não apenas da notificação, quando a causa da morte é esclarecida, o que pode levar semanas. Os dados por dia de ocorrência, segundo a pasta, vêm sendo disponibilizados em boletins epidemiológicos semanais.

O GLOBO mostrou neste sábado que, considerando a data de ocorrência, conforme o governo defendeu que se fizesse nos boletins diários que usam o dia da notificação, o número de mortes no início da pandemia é bem maior que o divulgado à época. Enquanto em março foram notificados e divulgados 201 óbitos, ocorreram, de fato, 666, apontam as informações.

Em todos os meses já fechados, a discrepância se repetiu. As mortes confirmadas diariamente pela pasta em abril, com base nas notificações recebidas, somaram 5.711, mas o número totaliza mais que o dobro: 11.544 óbitos ocorreram no período. Em maio, o número de mortes por data de ocorrência (24.741) também superou a quantidade noticiada pela pasta (23.402), a partir dos registros dos dos estados, embora os dados tenham ficado mais próximos.

Essa diferença é explicada devido ao atraso na investigação de parcela significativa de mortes, principalmente no início da doença no Brasil, quando a falta de insumos para testes e de laboratórios qualificados era maior. Dessa forma, muitos óbitos ocorridos nos primeiros meses da pandemia no país só foram esclarecidos em período posterior, quando houve a notificação ao Ministério da Saúde e inclusão nos boletins diários.

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