A disseminação do novo coronavírus no Brasil e no mundo fez todos mudarem hábitos para evitar a contaminação . Porém, o medo de contágio também afetou quem tem necessidade de assistência médica contínua ou mesmo imediata. Entre eles, estão portadores de doenças crônicas como hipertensão, diabete, câncer, Alzheimer, Parkinson e HIV. Da mesma forma, foram impactados pacientes que necessitam de cirurgias ou estão passando por investigação diagnóstica.
Diante desse cenário, a Rede D’Or São Luiz tornou os seus protocolos ainda mais rigorosos, intensificou o treinamento das suas equipes e adotou fluxos de atendimentos exclusivos, que separam os atendimentos dos pacientes com suspeita de Covid-19.
— As pessoas com sintomas gripais ou problemas respiratórios são encaminhadas para um local separado dos demais pacientes, onde são avaliadas. Caso seja necessário, a internação também é feita em um andar específico — explica o Dr. João Pantoja, pneumologista e diretor do Hospital CopaStar, em Copacabana, Zona Sul do Rio.
Nos hospitais da Rede D’Or São Luiz, os ambientes são ainda refrigerados de forma independente, com filtros que impedem a recirculação de vírus e bactérias. Ainda assim, para cirurgias eletivas, tem se tornado prática a realização de exames para Covid-19 em toda a equipe cirúrgica, paciente e acompanhante, complementa Pantoja.
Dados do Ministério da Saúde indicam que no País existem quase 53 milhões de pessoas com pelo menos uma doença crônica. Isso significa que essas pessoas precisam de tratamento contínuo e necessitam ir ao hospital com frequência . É importante que possam fazer isso com segurança e sem medo de se contaminar.
Segundo a Dra. Olga Ferreira de Souza, diretora nacional de Cardiologia da Rede D’Or, o controle nos hospitais é bastante rígido. Atendimentos tanto no ambulatório quanto nos consultórios têm um espaçamento maior de tempo, permitindo a higienização mais eficiente e evitando possíveis aglomerações. Toda a equipe da rede foi treinada, estando pronta para esclarecer dúvidas de quem precisa de atendimento.
— É importante que as pessoas continuem seus tratamentos. Quem tem algum sintoma diferente, deve procurar logo atendimento médico, sem perder tempo. Na média, os pacientes que têm infarto costumavam chegar à emergência em um período de 90 a 120 minutos. Mas depois da pandemia, esse tempo subiu para 270 minutos, o que é muito preocupante. O menor período entre os sintomas e o atendimento diminui a gravidade de infartos e casos de AVC. Quanto antes buscar ajuda, melhor — ressalta a cardiologista.
Olga afirma ainda que pesquisas já feitas nos Estados Unidos trazem mais um alerta: mortes por infarto aumentaram oito vezes nos últimos meses, o que pode estar relacionado ao receio de ir ao hospital em tempos de coronavírus. Reforçando o entendimento de que um problema não detectado já nos primeiros sintomas se agrava pela demora em procurar atendimento médico.
Para o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, é preciso ter consciência de que existem doenças que não podem esperar. Com os hospitais tomando todas as precauções possíveis para que não haja exposição ao coronavírus, ficar em casa só contribui para o agravamento da doença.
— Nenhum dos meus pacientes foi contaminado no hospital. Está na hora de trabalharmos com tranquilidade — afirma Niemeyer Filho.
O neurocirurgião salienta que sintomas como dor de cabeça, dormência ou perda visual súbita são alertas, podendo ser sinais de um acidente vascular cerebral . Nesses casos, é preciso diagnosticar e iniciar o tratamento no menor espaço de tempo possível.
— Não podemos esquecer que outras doenças também são graves e não podem ser negligenciadas. O isolamento social é importante, mas tem que ser feito com responsabilidade. Quem precisa de atendimento deve se proteger e confiar que o médico e a equipe o atenderão com bastante segurança – conclui Niemeyer Filho.