Um estudo publicado pelo Journal of Gynecology and Obstetrics tornou-se mais um alerta preocupante para o Brasil: entre as gestantes que faleceram pela Covid-19, à maioria está no Brasil. A pesquisa, realizada por profissionais brasileiros, aponta que entre os 160 óbitos analisados, 124 eram brasileiras.
Com o título "A tragédia da Covid-19 no Brasil", o trabalho utilizou os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, que apontou 978 grávidas ou mulheres no pós-parto diagnosticadas com Covid-19 entre os dias 26 de fevereiro e 18 de junho. Dessas, 124 morreram. Nos Estados Unidos, segundo colocado na pesquisa, 16 mulheres faleceram da doença.
“Os motivos para a mortalidade elevada de mulheres gestantes e no período pós-parto no Brasil são muitos”, diz o estudo, que cita a incidência de doenças crônicas, falta de atendimento pré-natal, desigualdade racial e violência obstétrica como alguns dos fatores que influenciaram para o dado alarmante. Ainda segundo o documento, o país é o que mais realiza cirurgias cesarianas no mundo, o que pode influenciar nas complicações pós-operatórias durante a pandemia.
A pesquisa também destaca a assistência recebida pelas gestantes que foram infectadas pela Covid-19, destacando que apenas 22% do total de casos foram admitidos em UTIs e, dessas, 64% contou com ventilação mecânica invasiva. O contexto nacional é comparado ao mexicano, onde, das 7 mortes notificadas, apenas 2 foram tratadas em UTI.
O índice de mortalidade materna pela Covid-19 é 3,4 vezes maior no Brasil do que no restante do mundo. o estudo também indica a taxa de letalidade de 12,7% entre esse grupo, ou seja, a mais alta do mundo. O estudo também reforça que, inicialmente, a gestação não era apontada como um fator de risco ou complicação para a doença.