Apelidada de Coronavac , a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac aplicará nesta segunda-feira os primeiros testes clínicos em voluntários brasileiros. A vacina é uma das mais promissoras do mundo.
Nesta terceira fase - que e envolve os testes clínicos em nove mil voluntários - os pesquisadores esperam que a vacina consiga fornecer uma resposta definitiva sobre sua eficácia, se é capaz ou não de criar os anticorpos necessários para a imunização contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2). A fase 3 de testes custará cerca de R$ 85 milhões e será paga integralmente pelo governo de São Paulo.
De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, o Butantan está adaptando uma fábrica para, após a realização dos testes e confirmação da efetivada, poder produzir a vacina em solo brasileiro. A ideia é que a capacidade de produção seja de até 100 milhões de doses , das quais 60% será destinada à distribuição no país a partir de junho de 2021, conforme acordo firmado com o laboratório chinês.
"Acredito que o Brasil está numa posição de expectativa não só para os brasileiros, para o mundo. Podemos ter aqui a primeira vacina a ser usada em massa e essa perspectiva é muito favorável. Nós estamos no meio de uma epidemia, nós temos muitos casos e é o cenário ideal para testarmos essas vacina", afirmou o presidente do Instituto Butantan , Dimas Covas. Ainda segundo ele, "a vacina que hoje é a mais avançada em termos de histórico".
Como serão os testes
O infectologista do Hospital das Clínicas e membro do centro de contingência , Ésper Kallás, explica que "metade dos voluntários vai receber vacina e metade vai receber placebo. A nossa ideia é capturar qualquer pessoa que porventura teve contato com o vírus e desenvolva sintomas de Covid-19".
Dimas Covas ainda acrescenta que a vacina utiliza uma tecnologia tradicional, o que pressupõe um perfil de segurança e protocolos já conhecidos para a realização dos testes. A partir dos resultados das duas primeiras fases da vacina, os pesquisadores acreditam que uma resposta imunológica deve surgir cerca de 15 após aplicação das doses.
Após aplicação das doses - que ocorrerão em dois momentos, sendo o segundo 15 dias após a primeira dose - os voluntários serão monitorados pela equipe de pesquisa, que busca observar um possível contato com o vírus e a eficácia da resposta imunológica.
Caso os resultados sejam positivos, a próxima fase de desenvolvimento da vacina envolve a preparação para produção e distribuição das doses, que envolvem o registro sanitários e podem ocorrer até o segundo semestre do ano que vem.
Perfil dos voluntários
"A gente selecionou médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, auxiliares de enfermagem. É nelas que a gente consegue ter uma condição mais rápida se a vacina está conseguindo proteger ou não a infecção e principalmente o desenvolvimento da Covid-19", explicou Ésper Kallás.
De acordo com ele, o critério também é utilizado para a prioridade. "Quem recebe primeiro, são aqueles sob risco de desenvolvimento de doença mais grave e aquele núcleo de pessoas que é mais responsável pela transmissão do vírus na comunidade, esse segundo grupo ainda precisa de mais informações, mais detalhes", afirmou.
Todos os nove mil voluntários devem participar dos testes em anonimato , além de não serem informados sobre o grupo em que estão: vacina ou placebo. Segundo o centro responsável, a escolha busca evitar interferências nos estudos.